quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Eureca

Dos posts do ano passado:

Mas é claro! Vai ser desse jeito, todos os meus filhos terão o mesmo nome!!

Quando chamar UM, virão TODOS!

Ou, se forem espertos, não virá NENHUM.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Vontade de viver.

Dos posts anteriores:

Acoh que a gente da cidade grande passa a vida tentando sobreviver. Quando abro a janela do quarto (nos momentos em que posso sair de perto do computador que é uma necessidade doentia de vício e comunicação) vejo bem em frente um apartamento que fica com a TV ligada na Rede Globo o dia inteiro. Num primeiro momento tive pena dessa pessoa que não sai da frente da televisão, mas agora posso perceber que ela encontrou uma forma de fazer a vida passar mais rápido.

Assim como os meus jogos (queridos jogos eletrônicos!) a gente precisa encontrar uma besteira não natural para poder aturar a vida de uma cidade grande regida pela eficiência. Sair na rua é um problema para quem não tem grana sobrando, e ficar em casa nos castra toda a vontade de viver. Portanto, o jogo, ou a TV, ou o próprio trabalho eficiente garantem que o nosso sofrimento com a falta de uma vida de verdade seja colocado de lado por um instante para dar lugar ao prazer momentâneo de uma cerveja quente ou uma nova versão de Silent Hill.

Eu acho que esse tipo de vida é válido para fazer valer o nosso lado mais cruel e selvagem, vindo das raízes primitivas do ser humano ou da imaginação fértil filme-televisiva. É nesse tipo de lugar que é posto em prova a nossa vontade de viver, mas não a vontade "propaganda-de-fim-de-ano", com promessas de uma ano melhor, paz e harmonia. Não existe harmonia em um lugar completamente construído e levantado sobre bases não naturais de um trabalho que, no fundo, não tem muito sentido para a nossa vida natural, aquela de quem nasce, vive e morre (pra sempre).

Nesse lugar do qual eu falo, a prova da nossa vontatde de viver vem da nossa própria vontade de se degladiar, de dominar completamente todos ao seu redor para poder, finalmente, ter algum sossego na vida. Veja: como é possível manter a calma e o espírito fraterno em um local no qual as redes de relacinamentos terceirizantes é tão ramificada que não se sabe nem quem talvez possa te ajudar em algo. Nesse lugar não há espaço para se fazer nada sozinho, salvo a violência (com uma abrangência da palavra muito maior do que a simples negatividade). Como um exemplo, preciso de pessoas interessantes para me sentir querido, útil e aprender o que quero aprender. Mas, para isso, estou preso à internet ou telefone, pois a cidade é grande demais e todos estamos muito ocupados para falarmos pessoalmente, ou muito apressados para mandarmos cartas e recados. Por sua vez, esses serviços eletronicos são prestados por empresas que, visando a produtividade e o lucro, terceirizam TUDO o que for possível para não terem dor de cabeça. Pois bem, o contato primeiro, pessoa-eu, está completamente comprometido por uma série de fatores externos a nós e que não são naturais. Enquanto tendo me "conectar" com o "mundo" através de uma conta de internet, a empresa terceirizada impede que meu cadastro seja efetivado pois outra empresa terceirizada, contratada pela mesma empresa-chefe, tem problemas com outro assinante do serviço que, por sua vez, não consegue sanar seus problemas em razão de mil outras terceirizações.

Pois bem, quando perguntei para a telefonista o que poderia ser feito a respeito de tudo isso, a resposta foi um desconto na mensalidade, por três meses, no valor total de R$50,00. Sendo assim, o problema real deveria ser resolvido com uma saída abstrata e sem sentido. Sete dias de dpr de cabeça, 5 protocolos anotas e mais de três horas com o ouvido no telefone ouvindo "aguarde um momento" não valem R$50,oo. R$50,00 não pagam o ódio.

Todas aquelas pessoas com quem conversei nessas 3 horas não interessam em nada para mim, assim como eu não sou nada para a pessoa do apartamento da frente que assiste a TV Globo o dia todo. Naturalmente, minha vontade é a de destruir (fisicamente e pontualmente) todo esse sistema que me impede de entrar em contato com quem eu preciso, em um serviço em que estou completamente regular.

Deixar de dormir ou ir ao médico para "voltar ao normal" são saídas um tanto imbecís (não do ponto de vista social) para uma coisa que é a vontade de viver, a vontade natural, que faz com que eu queira eliminar tudo o que há de ruim atrapalhando o meu caminho.