sábado, 25 de setembro de 2010

Onde foi parar?

Outro dia me perguntaram do Mura.
Respondi que estava bem, no lugar em que o havia criado, da forma como eu queria que fosse.
A conversa tomou outro rumo: não entendem múltiplos ideais.

Velhos posts não publicados - I

Vejo-me com a liberdade de quem esta enclausurado em uma quarto de vidro, cinco andares acima do chão. Do meu pequeno umbigo consigo entender o mundo todo que observo não importando para onde eu olhe.
O grande mandamento só pode ser este: completa visibilidade.
Tenho ao meu lado esquerdo um jornal, ao lado direito um diploma, atrás de mim tenho uma garrafa de cerveja azeda, a minha frente um computador conectado com todos os computadores do universo. Abaixo de mim vejo mais quatro andares e, acima, outros inúmeros andares.
Conheço tudo aquilo que vejo, já sei suas reações e sei ate quando estão invisíveis. Conheço detalhadamente as moléculas que compõe tudo, e do que são compostas as moléculas.

Minha juventude eterna será o grande fardo que todos vocês irão carregar, pois, não existe mais nada a ser reconhecido, tudo já foi devidamente arquivado para consulta.
Minha juventude eterna confirma que as suas vidas não passam de acaso e repetição.


Brutus

Como numa guerra de trincheiras, estamos apenas esperando pelo próximo ataque. Todos os lados se levantam e dizem: "Por favor esperem, vamos contar nossos mortos".

Logo mais voltarão para seus buracos sujos e lamacentos, com seus feridos morinbundos, e vão fazer o que têm feito há meses, esperando o inimigo se levantar para o ataque.
Ninguém vai se levantar, as imagens são muito fortes e prendem as pessoas ao chão como raízes. Nenhum dos lados vai atacar, com medo de não conseguir chegar ao inimigo. Na bagunça dos ataques, corre-se o risco de bombardear um aliado, ou mesmo bombardear a vanguarda.

Numa guerra de trincheiras ninguém se arrisca, e todo mundo perde.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Mais sonhos

Já me aconteceu de, estando triste, chorar no snho e acordar com lágrimas nos olhos.

Há duas noites passadas me ocorreram umas coisas que eu nunca tinha passado antes.
Na primeira, em um dado momento do sonho, coloquei um fone de ouvido e começou a tocar uma música dos Beatles linda, mas que não existe. De tão linda, chorei no sonho.
Na segunda, em um dado momento do sonho, fui tentar me enturmar com uns novos amigos que fiz. Eles brincavam com um grande avião de papel. Uma garota jogou o avião e ele foi direto para o chão, deixando ela frustrada. Então pedi "posso tentar?". Ela fez uma cara de desafio me oferecendo o avião, que estava todo rasgado e com a ponta muito torta.
Nenhum avião de papel consegue voar nessas condições.
Então quando joguei o avião e ele rumou direto para o chão mas, de repente, subiu de volta no ar e planou por muito tempo, subindo e descendo graças a um vento qualquer que passava por alí. Fiquei tão admirado e orgulhoso do que tinha feito que comecei a rir sem parar, de pura satisfação. Todos também riram muito pois aqui foi inusitado. Pois bem, a risada veio tão de dentro de mim, no sonho, que acordei completamente sem ar, e com vontade de continuar rindo.

Não sabia que era possível rir de verdade em sonhos.

sábado, 18 de setembro de 2010

Chega!

A gente também cansa de se desgastar por dúvidas e fantasmas.
Se me cansei foi porque tive como sonho a beleza e a sinceridade, como base de qualquer coisa que for fazer na vida.
Chega. Cansei de querer amor e não ir buscá-lo - eu acredito mesmo que ele está mais perto do que possa parecer, só não está completamente pronto ou nascido. Vou cuidar como uma planta, que a princípio precisa de poda e escoras, mas logo cresce forte sombreando os viajantes.

"Perdoar?" - respondo que sim. Só os fortes perdoam. Eles também sabem quanto tempo levam as coisas.

Não vou negar o que é tão claro
Vou me entregar em tudo que eu faço, em tudo que eu falo
Não vou negar o que é tão claro
Porque a verdade explode mesmo quando me calo

Entendimento

Não sou nenhum santo tampouco busco o diabo.

Uma coisa que me tiraram foi a paciência. Tive que aprender a mantê-la forte e, aos poucos foi-se ruindo, bem devagar como aqueles portões de ferro em casa de praia. Mas ultimamente o mar tem batido direto nesse maldito portão, e a minha verdadeira paciência está quase inexistente.
Tentei fazer com que a vida valesse um pouco a pena, e senti que a sinceridade seria a melhor escolha. Bom, realmente foi a melhor escolha. Mas a dúvida não está só em mim e terei que aprender a conviver com as dúvidas dos outros. "Sempre os outros", pensa o Mura.
O problema com a paciência é saber que estou sendo comparado o tempo todo. Ou sou mais que X, ou menos que X, ou X faz melhor, ou X nunca fez isso, X não tem um coração tão bom, X jamais seria tão cruel, e assim vai. Sempre X, ou Y ou Z ou alfa.
Não é bom ser comparado o tempo todo e também não é saudável se comparar. Algumas pessoas só conseguem viver com espelhos pela frente, eu prefiro que meus espelhos sejam as ações dos outros. Pelo menos assim, além de não ficar só em palavras e pensamentos abstratos, ainda recebo realmente aquilo que mereço.

Ser comparado não apenas me faz inibir como permite que eu me molde sem perceber em uma idéia que não é a minha. Há pouco me peguei com minhocas na cabeça por perceber que me apertei para entrar nesses moldes, nesses potes de azeitonas. Se sou melhor, algo estranho me diz que tenho que me forçar a continuar melhor, se sou pior algo estranho me diz que nunca conseguirei alcançar - mas por que, e isso é bizarro, eu deveria alcançar alguma coisa?
Se sou melhor, aproveite, é porque cheguei aqui pelo esforço de seguir o que acredito. Ser melhor por pressão, por molde, não se sustenta sozinho. Se sou pior é porque ainda não chegou a hora, ou mesmo porque essa hora não é mesmo para chegar. Comparações não são conselhos.

A comparação sempre virá seguida de um "mas", porque é algo apenas útil para a vida ordinária. Não importa se digo ou não digo o "mas", ele estará na comparação justamente por esta ser incompleta. "Sou mais bonito que X" é uma inconstância por presumir o eterno, o imutável e o global. "Sou bonito" é agora, como a natureza e a vida.

Chega de comparações. Palavras são muito bonitas para nos acalmar o coração, mas as ações serão sempre mais fortes. Há milhões de maneiras de se fazer entender "você é bonito", "você tem um bom coração" sem utilizar uma só palavra.
Comparações não podem ser feitas sem o código da palavra, é impossível!

Minha paciência e crença no mundo - sim, acredito em felicidade, em bondade e sabedoria - estão indo para o ralo a cada comparação que me fazem e que me obrigam a fazer. Não sou espelho, duro e frio, e não quero espelhos ao meu redor.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tentando ser bonzinho e gentil, levou anos tentando construir um alicerce forte.
Não querendo nada com nada roubou tudo o que outros tinham em poucos meses.

Os bonzinhos não se fodem, mas os mais ou menos fodem mais.

Mas, afinal, existe alguém bonzinho por aí? Não acho que é por aí que vamos entender alguma coisa.

"Walk on, walk on
With hope in your heart
And you'll never walk alone
You'll never walk alone"

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Uma última esperança

Jogada fora, amassada e pisada com toda a força, para que não volte mais a incomodar.
"Até tu, Brutus?"

Foi assim que morreu esfaqueado. Dizem que foi pelas costas.

Mura

O Mura sempre será um bom garoto.
Faz parte dele querer companhia e atenção. Faz parte dele o carisma e avontade de ajudar. Equilíbrio, sorriso e muito companheirismo.
O Mura sempre será um bom garoto.
Quero explodir meu peito de puro ódio, como um gozo há muito segurado.
Vou querer matar um, e logo mato dois. Sim, nem que seja eu mesmo, tentando.
Há muito mais ódio em ficar parado do que tomar uma ação!
Vingança não é o nome daquilo que tenho para repartir, vingança não serve de nada pra quem quer viver mais um pouco.
Quero mesmo é finalmente gozar daquilo que acredito. Gozar naquilo que não acredito.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Eu vou lá, todo vestidinho daquilo que eu gostaria de ser, todo com o cabelinho e a tatuagem de pênis ereto ou de alguma outra coisa "estranha", faço careta pra foto, faço pose pra foto, seguro minha cerveja na foto, ponho a língua de fora, encosto em alguém, tento mostrar o quanto sou liberto do mundo, das regras, do sexo.
Volto pra casa e sou só a foto. Fora a foto, vivo escondido em coisas novas e descoladas.
Volto pra casa e não sou nada, não fiz nada por completo, não lambi nada nem ninguém - fizemos sexo com o mundo com as mãos fechadas e sem nem olhar nos olhos.
Apesar de ódio, não sou só isso.

Someone i want now, somewhere i want to go, and i told you,
Never gonna let you down,
Never gonna let you down,
But i will always let you down.

Olhos

Não chegue perto de mim e diga

- Bom dia

Olhando para a porra do chão. Por que há tanto desconforto em dividir o elevador comigo por míseros DOIS andares? TRES andares? QUATRO andares? CINCO andares? SEIS andares?
Você quer que eu faça uma gracinha? Quer que eu pergunte da porcaria do teu cachorro triste que vive tão preso quanto nós dois?
Andando na rua todos se escondem por detrás daqueles óculos idiotas, parados, com os óculos cobrindo todo o rosto. Tudo escuro, sem vida, um corpo que se mexe! Uh, viva, temos um corpo sem graça mexendo, com pressa, com compromisso, com compromisso pra ser feliz, com hora marcada na Yoga.
Morra!
E nasce outra vez, pelamordedeus. Nasce outra vez pra eu poder olhar e dizer:
- Bom dia. Olha, tenho a sensação de que está tudo errado. Sou louco ou sou normal?

Tudo isso te falo com o olho.

- Bom dia - e então se acua no canto do elevador, ou olha pro teto. Olhos de Medusa, que petrificam o ser humano.

Ódio. Fui proibido de odiar. Me disseram que vou sofrer se odiar. Mas já sofro, e também sofro pra não odiar. Ora, que raio de recompensa é essa que ficam me prometendo?
Aliás, ninguém me prometeu nada! Me disseram que era pra eu mesmo me prometer as coisas.
Me disseram o nome das coisas e ainda me deram um dicionário e um enciclopédia. "Não vai mais errar o nome de nada, não vai"- isso sou eu mesmo dizendo de dentro pra fora. Mas também é você, e é a pessoa do elevador que olha para o chão

- Bom dia.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mais uma chícara, xícara, shicara?

Vou fazer o que não fiz desde sempre.
Vou me retirar para um lugar em que ninguém me conhece, onde serei um estranho.
Vou aproveitar e me tornar mais estranho ainda, cheio de verdades.
Verdades, verdades, verdades, que põe medo em todo mundo que é como eu sou agora:
Fracote.

- Oi, bom dia.
- Bom dia.
- Como vai?
- Como vai?

Morto, morto, morto. Como eu, que olho uma fotografia duma paisagem linda e penso: "um dia irei lá". Um dia serei ainda mais magro de tanto nervosismo, isso sim.

Ainda menos coisas me confortam: nem jogo, nem imginário, nem filmes, muito menos minhas próprias promessas. Tudo é tão igual e repetitivo quando uma punheta!

- Oi, bom dia.
- Bom dia.
- Como vai?
- Como vai?
Nem um puto dum sorriso, tão com medo de me olhar nos olhos e perceber que estou mesmo desejando um bom dia? Tão com medo de ouvir que estou com saudades, mesmo sem nunca ter lhes conhecido? Tão com medo dum magrelo? Medo de quê?!!!

Vou escrever tanto, que meu texto se tornará um círculo sem a mínima graça. Um gira-gira repetitivo e didático.


The end of our elaborate plans

Mamãe pediu que eu tomasse um café,
- Father?
- Yes, son?
- I want to kill you.

Hoje nada faz sentido. Nunca fez.
Eu que disse que tem que ter sentido, eu que inventei isso tudo.

Amanhã vou fazer o que sobrou pra fazer, o que me fará viver mais uns cem anos tranquilo:
Casa, salário, família, filhos, amigos aos finais de semana.
(Coloquei o salário na frente da família, não foi proposital, foi assim que saiu)

Ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha
Sou um imbecil, fraco, meus dedos circundam os pulsos, alto, desajeitado, sem graça, sem ter o que dizer na hora exata. Sem ter a coragem pra colocar tudo no seu devido lugar - tenho sede de sangue. Mas não tenho coragem mesmo.
Ao invés de ficar forte continuo aqui sentado, escrevendo pra ninguém!
Ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha

Travis, você não é nem ao menos louco.
Não te invejo porque não quero ser você, mas queria ter essa vontade que você teve de, pelo menos, puxar o gatilho pra ver no que dava. E depois, ainda, voltar pra onde veio.
Eu sou o fraco, querendo ser forte, achando que força vem do nada, achando que se fica mais forte ficando parado, achando que vivo num mundo que faz sentido cartesiano.

Ufa, mamãe, não vou querer tomar o café. Vou querer menos dessa coisa estranha que tem nisso que tô tomando todas as manhãs.

Rios pontes e overdrives - impressionantes esculturas de lama.

Tô cansado. De fadiga. Planos incompletos, colando adendos com durex.

Mulambo eu, mulambo tu, mulambo eu, mulambo tu.


Ha ha ha ha ha ha ha ha ha
Percebi
Que só sendo muito desocupado e sem ter o que fazer
Pra ficar escrevendo aqui.
Ha ha ha ha ha ha ha ha ha

domingo, 12 de setembro de 2010

Hoje acordei com a maior preguiça de viver.
Mas, deitado na cama e de barriga pra cima pensei
Que eu não sou sozinho no mundo:
Tem gente ligada em mim e eu ligada nelas!
Preguiça de viver também é não honrar esses laços.

Pulei da cama.

O silêncio é a palavra final.
Tudo vai mudar
OU
Nada vai mudar

sábado, 11 de setembro de 2010

Hoje sonhei que estava num lugar tão lindo que chorei.
Era uma praia em que não se tinha mais nada além da praia.
Fiquei amocionado ao perceber que é possível viver tranquilamente ali.
Não tenho mais medo de te perder.
Já perdi uma vez e isso é o suficiente pra não se ter mais medo de perder.
Somos gente, portanto não fomos fabricados prontos e imutáveis.
Vou aproveitar como gente e fazer valer como vida.

Ação

"Não dá mais..."

Foi tão pouco, mas carregado de tanta sinceridade, que realmente não deu mais e caiu.
Mas não fosse a sinceridade, ainda estaríamos escorando com estacas finas e desajeitadas.
Nunca se é tarde demais para aprender algo.
Sou fechado e preconceituoso quando a certos ensinamentos,
Mas jamais serei da mesma forma com os ensinadores.
Qualquer um que, sinceramente, dedique seu tempo para ensinar aquilo que lhe é verdade,
Vai receber meus olhos, ouvidos e a gratidão do eu aluno.
Poucas coisas são tão preciosas quanto a experiência, no sentido que o Walter Benjamin dá pra essa palavra.
Serei sempre grato pelo mínimo esforço empregado em me fazer mais inteligente e preparado.

Obrigado, Lala-chan, pela sofrida aula de português! Digo sofrida porque tanto eu sofri com meu preconceito quanto você sofreu pra me ensinar.
Obrigado, Lala-chan!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Conheci alguém que queria tudo.
Acho que queria tudo, porque na verdade não sei bem o que queria.
Na verdade, percebi que não queria nada
Mas pegava o que lhe aparecia pela frente como alguém que faz um test drive sem a intenção de comprar.
Sei que era tão infeliz com as coisas que fantasiava pra si mesmo que preferia abandonar tudo a tentar se consertar. Mesmo percebendo que abandonar tudo não era uma saída inteligente, fantasiava sobre a fantasia para, então, poder continuar vivendo.
Conheci e achei muito estranho saber que não ouvia ninguém, ou, se ouvia, fingia não ouvir. Ou mesmo se esforçava para não ouvir.
Muita gente tentou entender e ajudar, mas não importa o quanto de pessoas queiram ajudar pois a soma delas será sempre 50%.
Me disse com muita certeza:
- Uma coisa que descobri é que relacionamentos sempre acabam na pior hora.


É verdade.
Eu sei que velhos amores não se apagam tão facilmente
- certos ou errados, eles não se apagam -
Se a nossa vida são as escolhas que fazemos,
E mesmo que queiramos não mais errar
Sempre vai haver um momento de hesitação:
"quero de volta, seja real ou fantasia".

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Se estamos caindo não me segure pelas pontas dos dedos
Me agarre sem medo: sou fraco mas planto meus pés como uma árvore de mil anos.
Aprendo com a História e, se cometo o mesmo erro duas vezes me deixe, que sou eu quem estará caindo.
"Dormiu alí, mas não era você" - o vácuo do estômago.
Então porque eu não estava em algum outro lugar? - o soco na parede.
Então porque não me materializei alí, onde DEVERIA estar? - a unha na alma.
Meu passado não foi um filme triste, foi realidade. - o sangue na parede.
Certa vez te encontrei triste, remoendo algum passado.
Então fiquei com medo de não poder fazer nada e me tornar um passado triste remoído.
Você me disse "eu estou aqui" e eu disse "também estou aqui", mas de tanta pressa pela felicidade plena, tanta pressa por uma limpeza espetacular, ficou apenas o eco "aqui... aqui... i...".
Quando você me disse que não sabia para onde ir eu respondi como se eu soubesse.
Nunca soube exatamente para onde ir. Mas nunca quis que você ficasse na escuridão.
Quando me disser que não sabe para onde ir eu vou responder que devemos nos reunir e tentar encontrar algum rumo para alguma coisa boa.
Porque eu também não sei para onde ir.
Se eu digo "Não tenho medo" é porque não quero te-lo.
Mas tenho e sei que ele vai me fazer pensar duas vezes. Três vezes. Quatro vezes.
Quando alguém que confio me diz "é por aqui", e eu vejo em seus olhos e vejo seu coração que esse alguém também não quer mais ter medo, então é por aqui que sigo.
Junto.

Sofre menos o imbecil por não perceber que está sofrendo

Vou sempre sentir um vácuo na boca do estômago quando souber de algo que não fui.
Principalmente quando a minha vontade é de ter sido.
Uma incerteza, ao invés de ser esclarecida foi trancada num calabouço para ser esquecida e não me arranhar mais por dentro. Porém as unhas crescem mesmo depois de morto, e as marcas deixadas pela violência agora formam cicatrizes como as de Dorian Gray.
Quando eu não fui, o vácuo volta para a boca do estômago.
Se tudo o que mais desejei foi amor, não é certo ter medo de não receber amor. Por certo tempo não o recebi e por isso quis guardar pra mim o que eu tinha para dar. Mas amor também apodrece quando guardado num fundo de baú.
Por saber que poderia ter sido e não foi, meu vácuo me acordará de madrugada. Não devo entender isso como uma maldade ou assombração, mas como um aviso do que não devo fazer. Aquele amor que guardei apodeceu e está preto como uma fruta velha. Mas vai ser com os restos dele que vou adubar os que me surgirem daqui em diante.
Se não tive força ou coragem é porque estive sozinho. Em companhia não se sofre, se consolam.
Ofereço minha companhia para quem merecer: somente quem já sofreu pode entender minha companhia, somente quem conhece a tristeza como uma velha sombra pode entender minha companhia. Alguém que já apanhou uma vez levanta os braços e esconde o rosto para as pauladas seguintes. A dor sempre será dor.
Não é fácil ser imbecil, e ter que sentir a boca do estômago sendo sugada pelo vácuo toda vez que penso no que não fui.
As coisas mudam com ações. Os pensamentos organizam as futuras ações.
Para cada vez que eu não fui, um soco na parede. Espero que, quando vir meu próprio sangue eu possa ver nele a força pra me destruir e construir de novo.

Não quero mais ser imbecil e perder aquilo que já estava nas minhas mãos.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Morto?

Acordei hoje.
Acho que é hoje.
Na verdade não tenho certeza se é mesmo hoje.
Não faço idéia alguma de que não é qualquer outro dia.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

FIM

Chega de TENTAR sobreviver.

Do que não sei. Pode ser e pode não ser.

Se tudo é caos, então quero ser caos também.
Mas já sou caos e me espremo em um pote de azeitonas.
Não sou azeitona e não sou pedra - também não sou eu mesmo.
O pote de azeitonas me conforta e me mata.

Do que será

Lembro do que foi.
Vejo o que é.
Penso no que será:
Se os dados derem o mesmo número suas vezes, então agarre a recompensa - mas eles ainda estão nas minhas mãos.

Do que não será

Eu fico me perguntando, me perguntando, me perguntando:
Será? Mesmo? Posso?
Ninguém quer me ouvir pois estão ocupados tentando se ouvir.
Aquela história das portas abertas e das portas fechadas me parece tão mais real quanto mais penso nelas.
Liberdade é uma coisa que se perde.

Do que já foi

Não consigo, não consigo, não consigo:
As imagens falam mais alto:
Cada detalhe é um soco:
E minhas mãos não aguentam mais:
Nem sangrando.
Me perguntou:
- E o que você quer da vida?
- Sossego.
- Descanso é só na morte.
Se 5 anos é tempo suficiente para esquecer
Uns segundos são necessários para se lembrar.
Não sou mais uma criança e por isso perdi o controle sobre as coisas.