domingo, 31 de outubro de 2010

Sonhos são...

Hoje sonhei que eu estava sobre um palco fazendo um show de piano e voz. Era a minha turnê por aí, minha carreira era muito conhecida e bem vinda por muitas pessoas.
Fui cantar uma música linda, "Ol' '55" do querido Tom Waits, mas durante a música fiquei muito mas muito triste, a ponto de não conseguir mais cantar, apenas chorar longe do microfone enquanto continuava os acordes, pra música não parar.
No fim do show um reporter que me entrevistava perguntou porque eu sempre chorava naquela música, em todos os shows. Eu respondi:
"Essa música é muito sofrida pra mim. Todas vez que toco me lembro de quando eu voltava de carona de Bauru, de um fim de semana que eu queria que tivesse sido pelo menos um pouquinho mais longa, que eu tivesse ficado um pouco mais, se possível pra sempre".

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Telepatia

Não é que eu descubro de antemão ou tenho algum poder telepático de descobrir que é você quem está me telefonando.
A verdade é que quando me toca o telefone, quero muito que seja você.

E as vezes é.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Warning

Aviso aos bestas de plantão:
Ser homem não é só usar o pinto.

Pincel

Peço desculpas por as vezes não entender o mundo ao meu redor, por ser impaciente e bruto.
As coisas estão começando a ficar difíceis de novo, e isso me faz com que quaisquer estímulos negativos sejam amplificados em escala logarítmica. Já aprendi que fico nervoso além do necessário nesses momentos mas com certeza, mesmo que ainda fique nervoso, já consigo raciocinar em alguns porquês, o que me ajuda a fazer e pensar em menos merda.
Bom, me lembro de estar triste assim meses atrás, inconformado com a instabilidade da minha vida profissional e pessoal, o mundo parecia algo no qual eu não vivera todos os 23 anos de idade, parecia alguma coisa que nunca esteve alí e, de repente, se levantou e começou a crescer da forma que quisesse.
Nessa ocasião, da sensação de casas na areia, recebi um pedido: que conseguisse um item importante e o levasse até a pessoa que precisava. Pois então arranjei o item, mas algo saiu errado, a viagem marcada a tanto tempo teria que ser adiada, logo eu não poderia entregar o item no tempo que parecia ser decisivo. Resolvi, então, avisar a pessoa dessa repentina mudança de planos, para que ela também ficasse mais preparada para a possível falta que aquilo iria fazer. Também não foi fácil para mim saber que a pessoa que deveria receber a encomenda também me faria muita falta, devido ao atraso.
Foi naquele momento, falando ao telefone, que tomei minha decisão, e a partir de então comecei a arrancar rebocos de parede soltos: ouvi a indignação e a bronca de que o item faria muita falta, e que tudo iria dar errado por conta disso, porém sem nem ao menos ser mencionada a falta que eu faria alí. Já imaginava que eu mesmo não fazia mais tanta falta assim, e aquilo me deixava impaciente e rancoroso, e foi com aquele telefonema que senti tudo isso.
Me importo muito com o que faço e coloco um pouco de mim e das minhas energias nas coisas. Aquele item, imaginava eu, deveria carregar não apenas sua função de uso, mas também um pouco de mim. Se ele não fosse entregue, um pouco de mim também não iria servir para nada. Mas ao saber que aquele objeto valia mais do que uma saudade, soube que meu caminho já deveria ter mudado.

Pequena explicação

Quanto a esse outro post não tão estranho ao Mura:

Duas vezes. Só duas vezes na minha vida inteira eu transei com alguém que não admirasse e amasse muito.
Sexo é muito fácil de conseguir.
Mas pra mim tem que ser merecido. Sem isso, prefiro fazer sozinho.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Triste

A minha maior tristeza é não poder compartilhar as coisas ótimas que acontecem na vida. Tenho a impressão que não tenho mesmo alguém 100% pra dividir tudo de bom que me acontece: desde um presente inesperado, passando por uma salva de palmas na sala de aula até um prêmio em reconhecimento ao meu trabalho. Me falta memso alguém que vibre comigo, ressonância, nesses momentos.
Aliás, tocando no assunto:
Como é bom receber um sorriso de volta quando olho nos olho de alguém que nem conheço.
Foi de canto de boca, eu vi. Não há porque se envergonhar disso.

Frio na barriga

Não, acho que me enganei...
O que eu quero mesmo é sexo.
Toda essa história de falar, tocar, se aproximar... em muitos dos casos tem desejo sexual aí, e muito!
Não acho que gozar é sinal de prazer. Muito pelo contrário, é o fim do prazer, se pensarmos que somos animais e que, burros, uma hora teríamos que parar de transar, o gozo é pra podermos acabar logo com isso e bem mais tarde querer mais.
Ainda não consegui me libertar sexualmente, em parte porque tenho medo das consequencias e em parte porque não me deixaram mesmo.
Esse não é meu objetivo de vida, mas é algo que juro que me tornaria melhor.

Sanidade vai, sanidade vem

Agora me lembro dos primórdios de quando mudei pra cidade grande.
Eu disse certa vez: "quando chego nessa nova terra sou um cara diferente"
Sim sim sim sim isso era verdade, e me fazia me sentir sujo, podre e descompleto.
Mas o que estava errado foi meu ponto de vista: quando saída da cidade grande é que eu me tornava um cara diferente....
Vou conseguir ser a mesma pessoa onde quer que eu vá? Porque acho um saco que inconscientemente eu fique inventando personagens só pra tirar proveito de uma situação.

Ah! Agora me lembrei de outra coisa. Do quanto eu menti pra tirar proveito de situações na minha terra natal. Sim, toda vez que faço algo escondido acaba em merda, das grandes.

Opa, pit stop na razão

A constante elástica da minha sanidade
Não permite que eu siga um caminho "correto"
Já que ninguém pode me mostrar o que é de fato uma verdade
O que é de fato esquecer, e o que é de fato inventar.

Pertence a mim a maldade nas coisas, por os pés sobre os caídos enquanto estendo a mão
Então em um jogo de câmeras eu estou caído e a mão a que me estende é também minha
E eu sei que, no fundo dos olhos e no canto da boca está a diversão de quem pisa. Eu mesmo.

Ah se os gestos realmente forem mais forte que palavras, e os sentimentos um combustível para os dois
Mas ambos queimam! Fogo e destruição - a vontade é violenta, é violência - passar por cima de tudo
Esperando uma palavra, um gesto, uma ação. Passar por cima de si mesmo todas as vezes.

Arrependimento é como uma droga que nos colcoa pra dormir de novo.
Eu deveria me arrepender de fazer com que eu viva mais? Me arrepender de dizer o que eu sinto e, principalmente não por a mão na frente e sim atacar com força?
Não é certo usar uma roupa que esconda quem sou eu de verdade.
Se me virarem do avesso vão tomar um susto horrível, porque por fora não sou tão verdadeiro.

Como eu queria acreditar no que me falam por aí, e pacifizar o restinho de vida que tenho.
"Me traio em pensamentos", "te traio em pensamentos", "não sei no que estou pensando"
Ora, sabe sim, e sabe que é vontade, e sabe que é podridão e que não vai mais sair de casa por isso.

Choro uma lágrima, duas, três. Deixo chorar o que for, pra que nada fique guardado.
Vou rir com vocês e vou cantar bem alto e alegre, pra que todos fiquem alegres, pra que todos chorem e se lembrem que no fundo não é nada, é bobagem, e a gente que é mole passa a vida reclamando.

Sem esforço

Hoje, fazendo as vezes de repentista pra passar o tempo ouvi comentários como "você é bom nisso".
Ótimo, estive fazendo o que eu queria fazer naquele momento, como algo puro que vem sem medo de dentro de mim. Como quando me sento ao piano e toco algo bonito.
Se eu não fosse sincero com as pessoas (e comigo mesmo), elas nunca teriam ouvido nem uma nota e nem uma palavra.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

E eu vou tratá-la bem, pra que ela não tenha medo quando começar a conhecer os meus segredos

Comentário banal

Só um comentário para mim mesmo, a respeito desse post:
Sempre esqueço quais os cadernos e folhas de papel e arquivos de computador estão as letras e músicas para essas garotas. O problema é que, no meio da bagunça, sempre acabo emprestando o caderno, folha, pen drive que tem o rascunho da letra, e na hora fico muito aflito. Nunca me esqueço que, no primeiro semestre da faculdade, fiquei morrendo de vergonha em casa por ter emprestado um caderno que tinha justamente uma dessas letras ridículas de música de amor pra alguém. Fiquei pensando em todas as mentiras e respostas que poderia dar no dia seguinte, quando minha colega viesse devolver meu caderno com uma letra de música de amor para alguém que ela sequer conhece. Mas, no dia seguinte, juro que fui pra facul já envergonhado, ela me devolveu o caderno dizendo "Desculpa, não tive nem tempo de olhar seu caderno". Alívio imediato.
Devo dizer que a partir de então sempre abri meu caderno exatamente nas páginas que os amigos precisavam...

Auto releitura

Explicação sobre um post estranho ao Mura:

Das primeiras vezes que menti pra minha mãe levei o pior castigo que poderia ter: o silêncio dela ao descobrir, por mais simples que seja. Acredito que até hoje ela não confia completamente em mim em assuntos mais sérios, já que também eu não sou muito de falar. Mas é por esse motivo que, pras pessoas que eu realmente tenho algum apreço eu nunca consegui mentir. Pra essas pessoas, não querendo machucar, sempre preferi omitir a mentir, e era isso que eu fazia, e por isso dizer "eu também" não tem nem de perto o mesmo significado de "eu te amo".
Só pra completar, pra todo o resto eu mentia mesmo, e guardava na memórias as histórias que havia contado pra nunca cair em contradição. Depois que aprendi como se faz nunca mais fui pego numa mentira e usava isso o tempo todo em minha busca por me distanciar das pessoas sem perder o proveito que poderia tirar delas. Triste pensar assim, mas preferia usar do que compartilhar.

Acaso

Eu estava sentindo que havia algo diferente hoje. E não foi a chuva repentina anunciada pelo jornal... Acho mesmo que tenho uma conexão muito forte com alguma pessoas.


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Fast track down

Hoje, relendo velhos posts de novos blogs, tive uma pequena sensação de... lembrança.
Por acaso, juro que acaso, estava ouvindo Black Sabbath que sempre me ajuda com a limpeza do quarto e por curiosidade mórbida reli um mês inteiro de blog.
Essa banda não me trás ódio, pelo contrário, vejo como uma luta por paz e amor (ouça Children of the Grave), mas meu coração começou a palpitar mais forte e me lembrei de umas coisas ruins que fizeram a uma grande amiga minha, que por sua vez, sem querer, acabou fazendo coisas ruins pra mim. Eita, agora me lembro porque voltei a fazer exercícios regularmente: queria voltar a ser forte pra poder atacar.
Nunca briguei realmente com alguém, porque sei que, se brigar, vou querer de fato fazer essa pessoa desaparecer da face da Terra. Um simples lição não é o suficiente para quem for meu inimigo, pois não confio em inimigos. Somente destruindo de vez eu poderia ter paz, no caso de algo desse tamanho.
Quando fecho minha mão, um dos dedos dói. E é porque ele está inchado. Machuquei tentando me purificar de um monte de besteiras minhas, e agora levo essa protuberância como lembrança. Mesmo assim, não desisto de continuar a viver.
Estou muito feliz com como as coisas estão hoje, mas vejo que de todos os lados existem pontas soltas. O pior é começar a pensar que, pra um dos lados, isso não importa em nada. Nessa hora me lembro do personagem do Leonardo Di Caprio em "Os Infiltrados" que, ao socar o cara ele quebra a mão. Isso não interessa, ele pega o pendurador de chapéus e dá na cara do neguinho...

The gold it's in the....

Estou sentindo falta daqueles dias em que, sem me esforçar em absolutamente nada, minha cabeça ficava cheia de planos legais e coisas que eu iria fazer, desde trabalhos da facul, saida com amigos ou mesmo projetos artísticos/intelectuais. Me lembro de que meu cérebro quad core (sim, tenho um desse, mas nem sempre uso) funcionava ocm um dos "core" ligados o dia todo enquanto eu fazia outras coisas. Muitas vezes foram sessões de Pro Tools, arranjos de música, filmes que eu iria assistir ou mesmo escrever e até, pasmem, livros que estiveram sobre minha cama desarrumada, esperando pra serem devorados!!
Tá faltando um pouquinho de algo aqui, uma vontade de fazer algo além do ordinário. Até tenho várias idéias, mas não estou mesmo sentindo aquele impulso de ultrapassar o atrito estático físico e mental. Há poucos dias atrás tive muitos motivos pra me levantar da cama e que me impulsionaram, entre eles, a ilustre presença da chanzinha em meu humilde e sujo lar. Agora só tenho reclamações de coisas que não quero fazer, por me sentir um tanto vazio. Hum... as coisas nem sempre são cheias, né? Difícil é se segurar e não deixar que aquele maldito pensamento venha a cabeça: "será que isso é pra sempre???".
Não é, mas agora não consigo provar essa afirmativa.

Hoje tive um sonho que só me lembro uma parte, quando não sei por que motivo um amigo vira pra mim e diz "se eu não ficasse tanto tempo na internet com certeza teria pensado nisso", e ele se referia a alguma coisa genial que alguma outra pessoa havia feito.
Já disse, os sonhos não são premonições, mas manifestações daquilo que está na nossa cabeça.

Seres bolhudos

Por ter sido um bolhudo eu tenho um pouco de moral pra falar aqui:

Tenho me sentido realmente distante das pessoas nesses dias. Há muito que procuro algumas coisas verdadeiras e que dêem sentido pra rotina da minha vida ordinária. Acordar cedo, fazer tranalhos aqui e alí, terminar um TCC e outras coisinhas são necessárias pra que eu continue vivendo, mas só isso não é nem de perto o suficiente pra preencher todo anseio que tenho de fazer valer esse pequenho espaço de tempo que é a vida. Pois bem, descobri muito cedo que o que me faz perder a sensação de que o tempo é contínuo são as minhas companhias, as pessoas quaisquer que sejam que estão ao redor simplesmente vivendo. Com elas eu fazo coisas junto, aprendo, cresço e, principalmente, consigo me perceber como ser humano, desde os limites do corpo até psicodelismos vitais.
Contudo, o que tenho visto ultimamente é o embolhamento de grande parte dessas pessoas das quais falei. Infelizmente há uma bolha cercando e protegendo essa galera toda de quaisquer estímulos e fenômenos do mundo, o que torna todas as relações mais vazias como uma CocaCola Zero.
Os bolhudos são pessoas que têm um convívio social, saem de casa, cantam, brincam, riem, mas sem se aproximar demais dos outros. Tenho percebido isso primeiro em mim mesmo, pra depois perceber nos outros também. Em um momento de imensa alegria, sinto muita vontade de abraçar as pessoas, tocar, fazer algo que me passe toda aquela energia que a pessoa tem ou teve pra fazer a tal da coisa legal. Só que faço um policiamento tão grande, passo essa vontade por tantos e tantos filtros que ela perde o rítmo do seu momento e passa, fica pra trás. Sinto essas vontades de interação mais física de uma forma bastante ingênua, sem nenhum tipo de intenção que não seja simplesmente aproveitar o momento, curtir as pessoas que me deixaram feliz nem que por um segundo, não são sensações sexuais num sentido mais profundo ou sensações afetivas elevadas, como a paixão. É simplesmente um explosão de vontade de se sentir vivo, como alguém que precisa pular de um avião pra perceber que ele mesmo é de verdade.
Conheço mesmo apenas duas pessoas que agem dessa forma boa comigo, do jeito que eu gostaria que fosse. Uma delas tem 13 anos de idade e a outra é uma garota que às vezes pensa que esse tipo de atitude é infantil. Não é infantil, é verdadeira! Não tem coisa mais relaxante do que ganhar um belo abraço curador ou pegar na mão "involuntariamente" enquanto andamos por aí. Aliás, meio que depois que tive essas experiências com essa garota (Lala-chan!) é que fui perceber que era isso mesmo que eu estava guardando há tanto tempo.
Mais uma vez, essas sensações não são sexuais ou afetivas em um grau profundo, são apenas vontade de compartilhar a energia que está alí naquele momento.
Vejo que muitas das pessoas ao meu redor se aproximam até o limiar disso mas não passam dessa barreira por nada. Elas não são superficiais, mas também não se deixam ir mais a fundo nas coisas. "Paz e Amor", no cliché não apenas dos hippies, é assim que penso que as coisas devem ser, e a tal bolha é justamente o medo do amor (já imagino uma música chamada "fear of love"). Muito medo do amor (em seus vários graus) e de deixar que sua vida seja mais natural. Medo de tocar, abraçar, segurar e apertar. E o pior: à primeira abertura que dão à essas manifestações, sentem medo de perdê-las, a ponto de por vezes se distanciar ao máximo para não correr o risco de se machucar.
Mas nesse caso, o machucado não passa de um ralado no joelho de quando caímos de bicicleta. Apesar do nosso mundo mais "liberado" e de cabeça aberta, muita gente é higienizada o suficiente pra ter medo de cair pouco - e por isso às vezes caem de MUITO ALTO e se deformam de vez.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Mais e mais coisas

OU

(Como arrependimento não é botão de reset - Parte IV)

Então o garoto disse como quem não quer nada "Nossa, que cheiro de bolo" e deu uma bela respirada profunda. Os garotos ao redor, no mesmo momento, também respiraram bem fundo para, logo em seguida gritarem com o primeiro "Caralho, você peidou!". Todos riram.
Eu não respirei fundo. No momento em que ele disse aquilo, primeiro quis me certificar do que é que ele estava falando. Naturalmente não tive vontade de sentir de primeira o cheiro do bolo e por isso esperei para ver ao redor e sentir naquele garoto a verdade daquilo que ele estava falando. Muitos vão pensar que eu era um gatoro esperto e precavido.
Muito pelo contrário, sempre fui alguém que não confia em ninguém. E acredito que isso se deva pelo fato de ser muito medroso, lipinho e sem cicatrizes. Por muito tempo preferi ser arisco às coisas, procurando a mentira ou a verdade por ´trás dos olhares, da voz, das intenções e gestos concretos. Realmente não confiava em ninguém, e isso me acompanhou por muito tempo mesmo.
E é por esse motivo que nas relaçõe mais íntimas sempre tentei manter um distânciamento seguro. Isso é muito triste. Nunca deixei transparecer minhas intenções tanto as boas quanto as ruins, e por isso sinto que enganei a mim mesmo e as pessoas que por ventura confiaram em mim. Mais uma vez, não foi uma mentira, nunca menti para conseguir amigos e amores, mas fui ocultador de verdades.
Puxa, é estranho começar a pensar nessas coisas e querer mudar tudo a partir de agora. Acho que tenho muito tempo sim pra me rearranjar, mas também fico meio arrependido das coisas que posso ter perdido, das experiências verdadeiras que deixei pra trás por puro medo mesmo de me ferrar. Bom, muito da bondade do Mura vem dessa experiência de pessoas ferrando umas às outras, e isso não posso negar.

domingo, 3 de outubro de 2010

Todas as cartas de amor são ridículas

OU

(Como arrependimento não é botão de reset - Parte III)

Não estava planejando essa "parte III", mas ela surgiu numa hora interessante.
Enquanto repensava no quanto posso ter perdido simplesmente por nunca ter sentido aquele "clímax" no qual dizemos, do fundo do coração, "eu te amo", também percebi que, mesmo gostando muito de uma pessoa e, de certa forma, me apaixonando por ela, também nunca consegui escrever uma canção de amor para essa pessoa. Só consigo escrever canções sobre alguém sozinho ou músicas instrumentais, e isso agora me é muito instigante.
Mais de uma vez tentei fazer uma música para presentear alguém muito querido, e acredito que a letra deva dizer o suficiente sobre a minha história com tal pessoa, ou mesmo dizer o que realmente sinto. Mas apesar de conseguir criar alguma base melódica, a letra NUNCA saiu, salvo so refrões, que sempre surgem nas primeiras notas. Os refrões são completamente espontâneos e por isso bobos e lindos, porém o resto da letra nunca termina. A única experiência musical bem sucedida que tive foi uma música instrumental que, no máximo, murmurei as notas da melodia - devo dizer que o presente foi muito bem aceito, na época, pela "mocinha das flores".
Justamente aquele "medo" de me abrir me inibia na hora de escrever músicas legais e bonitas. Só agora eu consigo compreender um pouco as músicas que ouço por aí, as belas músicas que falam de amor de uma pessoa para outra. Mesmo assim, ainda não consigo escrever mais que um refrão.
Poxa, dizer "eu te amo", das mais diversas formas (em palavras, gestos verdadeiros, músicas e etc) não deveria ser uma coisa banal, que fazemos pra qualquer um a qualquer momento. Só que também não deveria ser essa coisa tão escondida que estive fazendo durante anos. Se sentir amado é bom, e acho que essas pessoas especiais que conheci e que virei a conhecer merecem e muito saber que são amadas.

Espero que não tenha que escrever uma "parte IV".


Ressucita, pelo fim da tua vida

OU

(Como arrependimento não é botão de reset - Parte II)

Foi pensando sem parar que percebi que hoje me arrependo, apesar de não saber ao certo como arrumar o que vem pela frente. Há mais de duas semanas (talvez umas três ou quatro) comecei a pensar no quanto a minha falta de sinceridade me levou pra dentro de um buraco em praticamente todas as relações interpessoais que tive na vida.
Fazendo uma das poucas coisas que sei fazer, ouvir música e lavar louça (quem não ajuda também não deve atrapalhar) e tentando sozinho desentalar a garganta presa, uma fagulha foi o suficiente pra trazer muita coisa que guardo só pra mim, e que agora divido com você, computador:

And Martha, Martha, I love you can't you see?

Tom Waits tem sido um inesperado companheiro, e naquele dia, mais uma vez ele veio me mostrar algo muito bonito e triste. Com as mãos ensaboadas, molho de tomate no fundo das panelas, meus olhos se encheram de lágrimas, das mais silenciosas que alguém pode ter. Silenciosas pois saíram de uma ferida profunda, mas trouxeram talvez um entendimento tão claro das coisas quanto uma epifania. Apesar do Mura, eu nunca me entreguei realmente ao amor.

Foi uma porrada muito forte perceber mais uma vez que eu errei junto com o mundo. Um estúpido que tem medo de si próprio, medo de morrer ainda jovem, protegido por muros de soberania e controle das situações.
De todos os relacionamentos amorosos, platônicos, de amizade, familiar e toda sorte de relacionamentos, nunca senti realmente que estava pronto para dizer "eu te amo". Sempre havia algo faltando para se atingir esse "clímax", algo que hoje vejo que foi muito mais da minha falta do que da falta dos outros.
Enquanto tentava segurar as lágrimas (não consegui, elas escorriam pelo meu rosto) fui percebendo o quanto sempre tive dentro de mim um potencial imenso para o amor e que, não sei quando isso aconteceu, fui deixando de lado gradativamente e me tornando alguém meticuloso, que calcula friamente as possibilidades e se entrega ao caos das relações de uma forma quase superficial.
Falando de mulheres, quantas vezes não perdi imensuráveis carinhos, simplesmente por não deixar que a minha sinceridade tomasse conta inteira de mim. É dessa sinceridade que tenho falado ultimamente, sim, dessa sinceridade; de poder dizer o quanto as pessoas são especiais para mim (e o são de verdade, sem interesse algum senão o de querer que elas vivam!) o quanto preciso delas pra poder perceber que estou vivo, o quanto odeio certas coisas que me fazem e o quanto estou disposto a carregar pesos enquanto espero que nos acomodemos. Falo de pessoas realmente especiais, que juro que não vão me ferir - porque eu sei, e é por isso que limpo as lágrimas na manga da camiseta, que se me machucaram de alguma forma, minha falta de sinceridade tem muito peso nisso.

Não entendo como, com todo o potencial que sempre tive pra amar (de todas as formas, Mura, é por isso que criei você) o medo de morrer me fez forte em frear impulsos completamente sadios de afeto, sempre funcionando no "quase lá".

Numa dessas noites me arrependi de não ter deixado transparecer o quanto sofri com uma notícia recebida por MSN. Então sofri em escala exponencial por achar que seria mais forte que eu mesmo, escondendo cada vez mais meus sentimentos.

Tenho cada vez mais ódio da mentira e da preguiça, mas, sei que elas já estão completamente marcadas em mim, eu mesmo me certifiquei de que elas ficariam bem gravadas. Não é de uma hora pra outra que alguém consegue dar um reset em tudo aquilo que a compõe, não há ressureição divina em três dias pra ninguém.
Terei que trabalhar como um homem, com as mãos destruídas de tanta luta (não mais destruo meu corpo como forma de me purificar do outro, mas para me purificar de mim mesmo) e com a cabeça livre. Preciso de liberdade, muita liberdade. Preciso que deixem que eu faça do meu jeito, e caia e levante e caia e levante e queime o corpo e quebre os braços e me cure o quanto for. Só assim aprendo de verdade - não tomem as decisões por mim, mesmo que eu não entenda nada daquilo que devo decidir, quero ajuda e não muletas eternas, minhas pernas estão bem fracas.

Pode pensar o que quiser, computador, mas sou quase tão ruim quanto os piores. E agora fico na péssima desculpa de que, no amor, só menti pra mim mesmo e nunca para os outros.
Não sou superior a ninguém nas poucas qualidades que tenho, no máximo estou no mesmo nível.
E se isso tivesse claro pra mim desde o início, meus olhos, naquele momento na pia de lavar louça, provavelmente não estariam vermelhos de tanta tristeza.

Crucifica-o

OU

(Como arrependimento não é botão de reset - Parte I)

Apesar de responder "eu também", nunca havia dito "eu te amo".
Pelo menos nunca menti pra ninguém.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Loucura

Quando o Spike Spiegel disse algo assim "foi a partir de então que eu comecei a ter medo de morrer" eu percebi tudo em mim.
Agora preciso pensar um pouco, quieto, pra ter certeza do que me fez assim, de alguém pequeno e fraco para um personagem forte de si prórpio para alguém quebrado e meio manco. Meio manco.
Sinto que foi a falta de ser completo, sincero e verdadeiro.

Sinceridade é uma palavra que tenho usado muito ultimamente e que deveria ter usado desde sempre, oras. Não vou esvaziar o sentido dela, já que toda vez que a uso, penso na mesma coisa, com a mesma força e intensidade e o mesmo desejo.

Não vejo loucura em querer dar mais vida ainda a um personagem de si mesmo. As coisas estão tão bagunçadas e caóticas, cheias de puras verdades e organização maquiadora, que o personagem poderia ocupar um lugar de meu melhor amigo. Sim, aquele que não encontro em lugar algum, seja por distância, seja por ideologia. Não há loucura em querer ser algo de verdade.

Tempo, chuva e sono

Algumas coisas guardamos em caixas, outras dentro de sacolas.
Mesmo que queiramos desembrulhar e colocar no sol pra tirar a poeira, tomaram nosso tempo livre.
Duas semanas, socos e vácuos no estômago, idas e vindas e uma chuva cinematográfica ao final, e só tive tempo de perceber um arrependimento - mais uma vez, sinceridade, sinceridade, seja minha companheira! - e não tive tempo de falar de percepções.

Sim, carregar os pesos sozinho me fez forte, ocultar certas verdades garantiu meu sossego, meus jogos, minha cerveja.
Fazer-me presente é uma satisfação, ser querido é uma necessidade.