segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sempre! Sempre "Blue in Green"

Dos posts anteriores, das náuseas e das flores:

Não sei o que se passa na cabeça de todos e principalmente na minha cabeça.
Desde muitos anos atrás, pois muitos são bem mais que minha vida toda, algumas pessoas já imaginavam no que o mundo iria se tornar. Reli "A flor e a náusea" do Drummond, assisti o "São Paulo S.A." do Person, ouvi o álbum do Tom Zé, de 1968, e tenha apenas uma impresão: me parece que pouca coisa mudou no quesito relações humanas e convívio social.
Falo isso porque moro em São Paulo mas preferiria viver em outro lugar bem diferente daqui. Pra mim essa cidade representa aquilo que sempre fui e tentava não ser. Aqui a solidão é de certa forma imposta pela diferença social, pelas distâncias e pelo medo. Vejo que tenho me tornado cada vez mais homem máquina, escrevo e falo com um PC, faço música e ouço música em meu quarto, sozinho, mesmo que muitos vão ouvir ao redor do planeta. Aplausos virtuais, nem um aperto de mão.
Não pretendo de forma alguma abraçar o mundo e ser abraçado por ele. É uma babaquice muito grande achar que algum dia isso irá acontecer de fato. Fisicamente impossível.
Quando o Drummond fala da flor que estava na rua, feia, sem cor, mas ainda sim, flor; crio um pouco de esperança de sair por aí colocando várias idéias em prática, vários vídeos em prática que sirvam para as pessoas ao meu redor, muita música em prática que alegre ou faça refletir quem estiver por perto. "Método Paulo Freire de relacionamento humano". O mundo não é um grande Orkut para que a gente tenha zigbilhões de amigos e todos ligados a todos. E sorridentes e de férias e com meus melhores amigos e tudo a mais.
Agora, ainda que haja a "flor", ela já foi pisada pelos medos, pelas distâncias e pelas diferenças sociais que são muito mais fortes.

"Blue in Green" é uma música do Miles Daves que enfeita muito bem este post.

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