segunda-feira, 20 de outubro de 2008

As paredes têm ouvidos....

Dos posts ateriores (todos) e de tudo o mais:

Novamente tenho a impressão de que meu computador não está mais me aguentando com esse blog. Ultimamente nem ele tem passado por aqui! =)

sábado, 11 de outubro de 2008

Não existo

Dos posts anteriores e Eu Líricos malucos (nem tanto):


Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.


Álvaro de Campos

Certa vez me disseram, há muito tempo, a vida se vive ou para os outros ou para você mesmo. Na época já entendia isso, mas não conseguia formular o porquê.
Quero deixar bem claro que não estou falando de egoísmo ou o tal narcisísmo patológico. Pense na "metáfora da aeromoça": quando o avião está caindo, primeiro dve-se colocar sua prórpia máscara para poder então ajudar os outros que estão sem as máscaras de oxigênio. É bem isso, enquanto ou me sentir o "intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram" não coloco nem minha máscara nem coloco a máscara no outro. Os dois se perdem.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Joana, outra vez

Dos posts anteriores e da falta de grana que me faz ficar em casa lendo livros ao invés de "curtir a vida":

O fim de tarde lá fora nos galhos verdes. Os pombos ciscavam a terra solta. De quando em quando vinha até a sala de aula a brisa e o silêncio do pátio de recreio. Então tudo ficava mais leve, a voz da professora flutuava como uma bandeira branca.
- E día em diante ele e toda a família dele foram felizes. - Pausa - as árvores mexeram no quintal, era um dia de verão. - Escrevam em resumo essa história para a próxima aula.
Ainda mergulhadas no conto as crianças moviam-se lentamente, os olhos leves, as bocas satisfeitas.
- O que é que se consegue quando se fica feliz? sua voz era uma seta clara e fina. A professora olhou para Joana.
- Repita a pergunta...?
Silêncio. A professora sorriu arrumando os livros.
- Pergunte de novo, Joana, eu é que não ouvi.
- Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois? - repetiu a menina com obstinação.
A mulher encarava-a surpresa.
- Que idéia! Acho que não sei o que você quer dizer, que idéia! Faça a mesma pergunta com outras palavras...
- Ser feliz é pra se conseguir o quê?
A professora enrubraceu - nunca se sabia dizer por que ela avermelhara. Notou toda a turma, mandou-a dispersar para o recreio.
O servente veio chamar a menina para o gabinete. A professora lá se achava:
- Sente-se... Brincou muito?
- Um pouco...
- Que é que você vai ser quando for grande?
- Não sei.
- Bem. Olhe, eu tive uma idéia - corou.
- Pegue um pedaço de papel, escreva essa pergunta que você me fez hoje e guarde-a durante muito tempo. Quando você fôr grande leia-a de novo. - Olhou-a - Quem sabe? Talvez um dia você mesma possa respondê-la de algum modo... - Perdeu o ar sério, corou. - Ou talvez isso não tenha importância e pelo menos você se divertirá com...
- Não.
- Não o quê? - Perguntou surpresa a professora.
- Não gosto de me divertir, disse Joana com orgulho.
A professora ficou novamente rosada:
- Bem, vá brincar.
Quando Joana estava à porta em dois pulos, a professora chamou-a de novo, dessa vez corada até o pescoço, os olhos baixos, remexendo papéis sobre a mesa:
- Você não achou esquisito... engraçado eu mandar você escrever a pergunta para guardar?
- Não, disse.
Voltou para o pátio.


"Perto do coração selvagem" - Clarice Lispector. Ed. José Olympio, 5a edição. 1974

Tom Zé - 1968

Dos posts anteriores, de "ode ao burguês" e do encarte do disco de Tom Zé, de 1968:

Somos um povo infeliz, bombardeado pela felicidade.
0 sorriso deve ser muito velho, apenas ganhou novas atribuições.
Hoje, industrializado, procurado, fotografado, caro (às vezes), o sorriso vende. Vende creme dental, passagens, analgésicos, fraldas, etc. E como a realidade sempre se confundiu com os gestos, a televisão prova diariamente, que ninguém mais pode ser infeliz.
Entretanto, quando os sorrisos descuidam, os noticiários mostram muita miséria.
Enfim, somos um povo infeliz, bombardeado pela felicidade.(As vezes por outras coisas também).
É que o cordeiro, de Deus convive com os pecados do mundo. E até já ganhou uma condecoração.
Resta o catecismo, e nós todos perdidos.
Os inocentes ainda não descobriram que se conseguiu apaziguar Cristo com os previlégios. (Naturalmente Cristo não foi consultado).
Adormecemos em berço esplêndido e acordamos cremedentalizados, tergalizados, yêyêlizados, sambatizados e miss-ificados pela nossa própria máquina deteriorada de pensar.
"-Você é compositor de música "jovem" ou de música "Brasileira"?"
A alternativa é falsa para quem não aceita a juventude contraposta à brasilidade.. (Não interessa a conotação que emprestam à primeira palavra).
Eu sou a fúria quatrocentona de uma decadência perfumada com boas maneiras e não quero amarrar minha obra num passado de laço de fita com boemias seresteiras.
Pois é que quando eu abri os olhos e vi, tive muito medo: pensei que todos iriam corar de vergonha, numa danação dilacerante.
Qual nada. A hipocrisia (é com z?) já havia atingido a indiferença divina da anestesia...
E assistindo a tudo da sacada dos palacetes, o espelho mentiroso de mil olhos de múmias embalsamadas, que procurava retratar-me como um delinqüente.
Aqui, nesta sobremesa de preto pastel recheado com versos musicados e venenosos, eu lhes devolvo a imagem.
Providenciem escudos, bandeiras, tranqüilizantes, anti-ácidos, antifiséticos e reguladores intestinais. Amem.

TOM ZÉ .

P.S.

Nobili, Bernardo, Corisco, João Araújo, Shapiro, Satoru, Gauss, Os Versáteis, Os Brazões, Guilherme Araújo, O Quartetão, Sandino e Cozzela, (todos de avental) fizeram este pastel comigo.

A sociedade vai ter uma dor de barriga moral
O mesmo

São, São Paulo

Dos posts anteriores e da burrice:

Vou simplesmente por uma música aqui hoje. Na verdade, uma crônica musicada como prefere chamar o autor.
http://www.zshare.net/audio/1899898780168545/

Letra: http://letras.terra.com.br/tom-ze/164147/

sábado, 13 de setembro de 2008

Lendas Brasileiras

Dos posts anteriores e do nada do sábado, que deveria ser um dia qualquer:

Valeu. Todas as lendas são assim:
Pra relembrar o que não aconteceu

Andei relendo Aldir Blanc. Infelizmente ouvir é um pouco mais difícil e, como no exemplo acima, mesmo com Guinga fazendo as vezes do violão, ler é um pouco melhor para a raiva do que ouvir.

Fantasia
"Olhando na quarta-feira as ruas vazias
Com os garis dando um jeito em nossa moral
Custei a compreender que fantasia
É um troço que o cara tira no carnaval
E usa nos outros dias por toda a vida
Dizendo: "Olá! Como vai?" e coisas assim
O nó da gravata apertando o pescoço
Olhando o fundo do poço e rindo de mim
Ria, rasguei a fantasia, ria
Queimei a garantia, ria
Tô solto por aí
Doido, eu danço de Pierrot, triste
Morrendo em meu amor, ria
Vendo você morrer de rir"

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sempre! Sempre "Blue in Green"

Dos posts anteriores, das náuseas e das flores:

Não sei o que se passa na cabeça de todos e principalmente na minha cabeça.
Desde muitos anos atrás, pois muitos são bem mais que minha vida toda, algumas pessoas já imaginavam no que o mundo iria se tornar. Reli "A flor e a náusea" do Drummond, assisti o "São Paulo S.A." do Person, ouvi o álbum do Tom Zé, de 1968, e tenha apenas uma impresão: me parece que pouca coisa mudou no quesito relações humanas e convívio social.
Falo isso porque moro em São Paulo mas preferiria viver em outro lugar bem diferente daqui. Pra mim essa cidade representa aquilo que sempre fui e tentava não ser. Aqui a solidão é de certa forma imposta pela diferença social, pelas distâncias e pelo medo. Vejo que tenho me tornado cada vez mais homem máquina, escrevo e falo com um PC, faço música e ouço música em meu quarto, sozinho, mesmo que muitos vão ouvir ao redor do planeta. Aplausos virtuais, nem um aperto de mão.
Não pretendo de forma alguma abraçar o mundo e ser abraçado por ele. É uma babaquice muito grande achar que algum dia isso irá acontecer de fato. Fisicamente impossível.
Quando o Drummond fala da flor que estava na rua, feia, sem cor, mas ainda sim, flor; crio um pouco de esperança de sair por aí colocando várias idéias em prática, vários vídeos em prática que sirvam para as pessoas ao meu redor, muita música em prática que alegre ou faça refletir quem estiver por perto. "Método Paulo Freire de relacionamento humano". O mundo não é um grande Orkut para que a gente tenha zigbilhões de amigos e todos ligados a todos. E sorridentes e de férias e com meus melhores amigos e tudo a mais.
Agora, ainda que haja a "flor", ela já foi pisada pelos medos, pelas distâncias e pelas diferenças sociais que são muito mais fortes.

"Blue in Green" é uma música do Miles Daves que enfeita muito bem este post.

domingo, 7 de setembro de 2008

Vida de TV

Dos posts anteriores, propagandas, panfletos, cartazes, luzes e muitas coisas mais:

Porque é que a vida tem que ser só alegria, felicidade e tudo maravilhoso?
Sério, qual o problema com a vida ser somente vida? Não preciso nem mais sair na rua para que fiquem autoritariamente me gritando "Seja feliz!", "Aproveite, aproveite!!", fascistas felizes e amedrontados do normal. Até nossa merda tem que ter cheiro bom. Não existem mais problemas no mundo, só alegria, alegria. "Ria e o mundo rirá com você. Chore e chorará sozinho".

Não estou sendo pessimista, muito menos negativo ou depressivo. Só gostaria que as coisas fossem normais e até naturais porque acho que estamos tão presos à alegria, alegria, que nem conseguimos arrumar os problemas pessoais mais idiotas. Mais do que ser proibido sofrer, é proibido se sentir sofredor. Não é bom estar errado, nem ao menos ter errado.
Bom, se é proibido sofrer e estar errado, então não tenho problemas, portanto está tudo bem, ainda que não esteja, ainda que não esteja, ainda que NÃO esteja!
E assim as pessoas ficam loucas.

O coração selvagem

Dos posts anteriores, que há um tempo ficaram parados:

Sempre tive uma atração por Joana. Desde que criei sua imagem olhando para as "galinhas-que-não-sabiam-que-iam-morrer" não consigo mais parar de imaginar Joana quando não estou pensando em nada.
Ultimamente tenho me reencontrado com ela e, como sempre, me faz muito sentido conhecer sua história. Da última disse o seguinte:

"- Sim, eu sei, continuava Joana. A distância que separa os sentimentos das palavras. Já pensei nisso. E o mais curioso é que no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é, seguramente, o que eu sinto mas o que eu digo." - Perto do Coração Selvagem (1944), Clarice Lispector.

Certa vez, em Arjuna, a personagem principal é impedida de fazer as coisas pois as palavras a prendem. Mais ou menos isso o que as palavras fazem. Mesmo que não passem de um grande acordo entre as pessoas para que elas possam fazer o outro entender aquilo que estão sentindo. Contudo acho que os sentimentos se mostram em ações, mais do que palavras.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Idiota

Dos posts anteriores e de uma mente IDIOTA:

- O que acontece quando a Ana vai pros EUA? Ela vira AMERIC ANA.
Depois disso levou um tíro no meio da testa.

Meu Avô

posts anteriores:

Meu avô era foda!!! Ele parava os bois no CHAPÉU!!
Mano, nem o Cçlint Eastwood fez isso na vida. Parar os bois com chapelada na cara!!!
Meu avô era foda!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sem título

Dos posts anteriores?

- (...) mas não adianta! Ainda existe uma prova irrefutável da superioridade masculina. A prova cabal de que o feminismo NÃO foi um sucesso. E provavelmente nunca será: você já ouviu falar em pornografia feminina? Não? Perdedora...
- Mas tem conteúdo erótico pra mulheres.
- Disse bem. E-RÓ-TI-CO. A mulher é tão limpinha que quando você encontra conteúdo pornô com homem pelado o público alvo são os viados. Pra mulher é só erótico. Perdeu.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Fazer e não fazer

Dos posts anteriores e de um monte de coisas mais:

Uns caras que cursam cinema em São Paulo falavam sobre quaisquer caras que cursam cinema fora de São Paulo:
- Aqui é mó loucura, né? Se você não trabalha, você é um bundão. Lá, eles tem o tempo que quiserem pra criar essas doideras que eles criam.
- São muito dahora.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

S.O. S

Dos posts anteriores e naufráugios no oceano.

- Quem você levaria para uma ilha deserta: uma pessoa ou um computador com internet?
- Banda larga?
- É, um pc bom com banda larga, que seja.
- Meu, com internet você pode fazer muito mais coisas.

sábado, 14 de junho de 2008

Duas histórias diferentes

Dos posts anteriores, "da vida e do mundo":

Depois de andar um bocado e cruzar vários desafios, chegaram ao topo.
- Chegamos. Agora é só aproveitar.
- Pois é.
FIM

*A mesma história seguindo a vida "real"*

Depois de andar um bocado e cruzar vários desafios, chegaram ao topo.
-Chegamos. Agora é só aproveitar.
- Pois é.
Segue-se um silêncio de não mais que três segundos, o suficiente para demosntrar o tédio dos personagens.
-Chega, né? Vamos embora.
-Pois é.

-> História retirada de uma propaganda de jornal, feita para te fazer se sentir entediado com o que for que dure mais de três segundos.

domingo, 8 de junho de 2008

Nostradamus e a comédia

Dos posts anteriores e do fim do mundo anunciado para o ano 2000

Curiouso....
Tanto Excel Saga, quanto Di Gi Charat, quanto Bob Esponja foram feitos em 1999.

sábado, 24 de maio de 2008

Sempre acabo rindo sozinho...

Dos posts anteriores:

Estava lá o cacto por toda a nossa vida. Sempre esteve.
- Mas qualé a do cacto? Ele existe só pra reter água. A vida dele é ser cacto. Homem, o ser humano, é muito mais legal. Olha só, a gente bebe cerveja, a gente escreve livro, lê livro, assiste filme...
- Vamo colocar a cerveja perto do cacto pra ver o que acontece.

Blog é um negócio egocêntrico

De todos os posts do mundo inteiro!!!

Eu, eueueueueueueueueueueueueueueueueueueueueueu
eueueueueueueueueueueueueueueueueueueeueueueueu
eueueueueueueueueueueueueueueueueueueeueueueueu
eueueueueueueueueueueueueueueueueueueeueueueueu
mimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmim
mimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmim
mimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmim
mimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmimmim
eueueueueueueueueueueueueueueueueueueeueueueueu
eueueueueueueueueueueueueueueueueueueeueueueueu
eueueueueueueueueueueueueueueueueueueeueueueueu
eueueueueueueueueueueueueueueueueueueeueueueueu

É o que EU acho...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Simples assim

Dos posts anteriores :

Havia comido um pastel delicioso.
No dia seguinte, percebi o quanto estava rodeado de gente para a qual não dava a mínima. Aquele lugar não fazia sentido algum e estive lá durante todo esse tempo somente por uma questão psicótica de querer dar algum sentido à vida. Aquele monte de gente estava me deixando nervoso.
Eu tinha certeza, foi o pastel! Maldito pastel. Daquela vez não sairia gás, seria merda mesmo.
DOR DE BARRIGA SEGUIDA DE DIARRÉIA
Foi horrível aguentar toda a reunião, mas sou mais forte que meu próprio corpo! Durante a pausa para o café descarreguei todo o pastel e tudo o que já havia comido na minha vida. Tudo líquido. Duas vezes.
Assim que tudo terminou voltei para minha casa pelo caminho de costume. Havia dois anos que voltava por alí. Durante o trajeto, meu intestino reclamou mais uma vez. Estava doendo.
Onde eu poderia fazer uma pausa para descarregar todo aquele desconforto? No prédio ao lado? No próximo prédio? No outro ainda? Na loja que já estava fechada? Na farmácia!
Farmácia é o lugar de gente doente. Mas duvido que me deixariam entrar lá:
"Eu não sei não, moço, esse banheiro é pra funcinários. Você tem que falar com o gerente, eu faço só a frente da loja". O gerente me diria "Eu não posso deixar você entrar lá nos fundos, é a política da loja, é pra funcionários. Não pode ir entrando qualquer um. Posso te fazer um desconto num remédio pra segurar o intestino até você voltar pra casa".
Olha, teve um tempo em que a farmácia era tocada pelo prórpio dono, que inclusive sabia fazer algumas manipulações. Com certeza eu passaria em frente a sua farmácia, ele me chamaria pelo nome e diria "está tudo bem?", "pode usar o banheiro lá atrás. Caganeira é coisa séria".
Simples assim.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Arti

Dos posts anteriores, do concretismo e do cretinismo:

TUDO

que


com sigo

ver



é um punhado de letras.



sexta-feira, 9 de maio de 2008

De repente posso estar tomando um rumo legal...

Daquela horinha, na cama, em que temos as idéias mais fudidas!

Quando eu conseguir escrever direitinho o que é aquela idéia de "viver em eventos" te conto, computador.
Este post é pra deixar bem claro pra você: não posso falar do que não sei.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

A vida em três atos

Dos posts anteriores e do monte de coisas que ouvimos por aí:

Então, no meio da conversa, a psicóloga cortou seu próprio raciocínio e respondeu quase que mecanicamente:
- Se bem que a cada dez pacientes que atendo na clínica, dez sofrem de solidão. Tem que ver também que a clínica é em São Paulo...
Todos riram.

terça-feira, 6 de maio de 2008

O quanto não sei de nada

Dos posts anteriores e momentos de silêncio

As vezes penso: a vida é muito bonita, e nem um pouco complicada. Algumas pessoas é que complicam as coisas. Alguns conceitos é que fazem as coisas parecerem complicadas.
Foram uns caras aí, europeus como nos é mostrado pela EDUCAÇÃO, que resolveram começar a complicar as coisas. Decifrar algumas coisas, pensar sobre outras, quantificar um punhado e olhar de longe a realidade. Algum tempo depois, outros caras, também europeus de acordo com a EDUCAÇÃO, acharam que os antepassados estavam enganados e resolveram decifrar, quantificar e pensar sobre outro monte de coisas que, no final das contas era a mesma coisa.
Eu, por exemplo, não faço idéia do que é a vida, minha vida AGORA. Mas já sei um monte de coisas que outros disseram sobre ela (tenho até um boletim escolar e universitário para provar que sei dessas coisas).
Baseado no que esse monte de gente disse sobre as coisas acabo ficando preso à sociedade que segue essas coisas ditas, pois assim é melhor pra todo mundo. "Melhor pra todo mundo" é um acordo, um equilíbrio: nem tão bom pra mim, nem tão bom pra você, contudo, temos algum conforto.

Esses dias atrás ouvi que a esperança é uma grande cagada. No sentido de que, se ficarmos "esperando" as coisas a gente pode se frustrar um bocado. Eu já disse certas vezes "são as expectativas que nos fodem por trás". Pois é isso mesmo.
De procurar alternativas para o real dado é que deveria ser a vida.
- Mas isso também o é.

sábado, 3 de maio de 2008

A pressa

Dos posts anteriores e viajens inúteis por São Paulo:

Num dia desses ouvi a seguinte pergunta: "será que nossa vida vai ser sempre dividida por semanas? Sabe, ser segunda terça quarta quinta sexta sábado domingo pra sempre?"
Respondi que seria tudo muito triste. Será que nossos pais não vivem assim? Não vêem o mundo assim também?
Seria estranho não medir o mundo pelo tempo do relógio. Acho que a nossa percepção do mundo ainda não comporta tal idéia.

sábado, 26 de abril de 2008

A cidade não pára, a cidade só cresce

Das noites não dormidas:

É interessante notar que sempre nas fotos noturnas de Sampa parece que está amanhecendo.
É interessante notar que a olho nú o céu de Sampa à noite é vermelho.
É interessante notar que as pessoas precisam de óculos escuros pela manhã.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Falando para o computador

Das insônias noturnas e dos posts anteriores:

Quando penso em blues, na hora me vem à cabeça um sax. Um sax bem legal. O sax me lembra um filme do Jim Jarmusch, "Permanent Vacation" em que um cara tocava sax sozinho. Também me lembra um capítulo antigo dos "Simpsons" em que Lisa encontra um cara que toca sax sozinho.
Quando penso em "sozinho" logo me vem uma vontade de não ficar sozinho. Não por tempo demais. E uma das formas de não se ficar sozinho é fazer algum barulho agradável, tipo um blues. Ou ainda, pra não ficar sozinho a gente pode sair por aí falando com as pessoas e contando coisas para elas.
Quando penso em "sacadinhas engraçadas" geralmente acabo rindo sozinho.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

4'33''

Por favor, desligue seu mp3 para ler este post.
É sério.

Dos posts anteriores e dos queridos Ipod:
Se você realmente desligou seu mp3 para ler este post já deve estar sabendo do que estou falando.
Se você consegue ouvir o cooler do seu pc, já deve ter percebido do que eu quero falar aqui.
A idéia é o medo que o silêncio provoca.
A idéia é o medo de começar a pensar nas coisas.
A idéia é fazer coçar a vontade de perguntar "e agora, o que é que eu devo fazer?".
A idéia é ser um espelho.















4'33''

Não há mais circos como antigamente

Das propagandas de tv:

Tenho uma vontade imensa de dar um soco na cara daquela mulher da propaganda do Circo do Soléi "Alegria".
Ela aparece por detrás das cortinas, "Alegriiiiiiia" e SOC! Morre!
Um soco só.

Se eu fosse um grande círculo

Seria vazio no meio.

Dos posts anteriores:

Não consigo separar as coisas. Fui tomado de uma totalidade que não consigo me livrar.
É difícil falar do que é preciso falar. As coisas não são separadas, nós as separamos para entender melhor. Isso é coisa que a gente aprende no colégio. Separar, separar, separar.
Nessa época de provas, então, o ódio fica ainda maior. Como posso falar só de X em um texto? Orra, alguns professores, sabendo disso, já entram dizendo que sabem que as provas são um bobagem, mas o querido MEC precisa delas. Então o critério usado é, quanto mais você reproduzir os textos lidos, melhor pra você e o MEC fica feliz. E a gente não fala de nada, não explica nada, não avança no raciocínio, que é o que deveria aontecer no meio acadêmico.
A tal da Sorbonne, até um tempo atrás não aceitava filmes como forma de estudo. Jean Rouch se fudeu com a Sorbonne no começo, mas tenho certeza que ele estava bem mais feliz fazendo os filmes dele "pra ninguém".
Difícil é se expressar direito nessa forma caótica do todo. O Niti (Nietzche) teve que escrever zigbilhões de livros pra que alguém conseguisse entender o que ele dizia. O tal do Adorno parece mais um semi-analfabeto nas traduções do alemão que temos por aqui. Tem esses caras que "recortam a realidade" pra poder falar dela, mas ainda acho que eles não consegum recortar muito bem, justamente porque não acreditam que X é separado de Y.
Agora, quanto ao círculo do começo, você é quem sabe o que eu quis dizer.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

"The Ecstasy of Gold"

Da sétima arte e de posts anteirores:

Ainda não tive coragem para assistir "Tropa de Elite". Já vi, por acidente, em um DVD pirata, o final, com o negão bateno no carinha na passeata pela paz, o garoto levando uma vassoura no rabo e o bandido levando tiro na cara, só de zueira.
Se você sentiu algum tipo de felicidade com essa descrição ao lembrar do filme, então pode parar de ler este post ou leia com muito cuidado.
Tenho tido muito medo. Nesses dias assisti a uma videoarte em que as cenas de violência do filme "Tropa" eram repetidas durante cinco minutos, com uma montagem da música "parapapá". Tenho tido muito medo com a aceitação da violência e com a forma como as pessoas se identicifam com o Bope do filme e principalmente com o personagem de Wagner Moura. Tenho tido muito medo da forma como a violência tem se mostrado em filmes. Afinal, os filmes são uma imagem da sociedade e, em uma sociedade em que quanto mais sangue, melhor, só nos resta comprar os coletes a prova de balas.
Claro que houve as guerras mundias, e elas foram um tremendo choque, mas estive pensando nas representações da violência por parte do cinema.
Os filmes de gânster da década de 30 eram violentos, mas não mostravam sangue para todo o lado, ainda que as balas rolassem soltas.
Alan Resnais em "Noite e Neblina" (1955) é eficientemente violento mas seu intuito é justamente criar o choque quanto a violência praticada nos campos de concentração da segunda guerra. Sua mensagem é bem clara, que aquilo não se repita. Assim como em "Hiroshia meu amor" (1959), a violência raticada contra a cidade e contra os personagens e contra toda a humanidade é mostrada para que aquilo não se repita.
Filmes como "Por um punhado de dólares" (1964) já começam a mostrar os pistoleiros e as terras sem lei. Clint Eastwood é o herói desses filmes de "Western Spaguetti" em que, para cada tíro cai um homem. Contudo não há sangue na tela e, nos filmes menos comercias, somente os vilões mais odiosos é que atiram em qualquer pessoa. A morte ainda é alegorizada. O herói é aquele que pensa antes de atirar e sabe onde está atirando.
"First Blood" (1982), também conhecido como Rambo I, ao contrário do que muitos pensam (e pensam por ter visto apenas os "Rambo" 2, 3 e 4) é um filme sobre a violência da guerra do Vietnã sobre aqueles que form combater sob os ideais enfiados em suas cabeças. John J. Rambo, ao contrário do que muitos pensam, mata apenas uma pessoa nesse filme, e ela é morta por acidente, ainda que seja um dos perseguidores do Rambo. John Rambo é preso ao final do filme, o herói é preso ao final do filme. Tamvez por essa razão o personagem foi subvertido nas segquencias de Rambo e somente a partir de então ele tenha ganhado o gosto do público. (meu, tenho muito a falar ainda, mas o espaço é curto).
Pulei 20 anos e cheguei em "Tropa de Elite" (2007). Wagner Moura e seus colegas de trabalho são os assassinos. Os assassinos convencionais são assassinos. As cenas de violência servem como um "Dois minutos de ódio" (George Orwell, livro "1984") . É uma sessão de cinema para todos poderem descarregar seus ódios sobre a tela, sobre a cidade, sobre o ônibus caro, sobre os pedreiros da obra ao lado, sobre o time do coração (que tb é uma especie de "Dois minutos"), sobre os peobres da rua pedindo grana, sobre TUDO. Em uma sequencia de sossego, adrenalina, sossego, adrenalina, que, para funcionar tem que mostrar um cara sendo queimado vivo, cheio de sons da pós produção para dar mais "corpo" à cena ou ainda gente apanhando na cara (plot keywords no www.imdb.com = slap in the face !!!), com muito sangue, sujeira, pós produção. Só assim o filme consegue tocar as pessoas. E as pessoas saem tocadas. Elas querem ser o Capitão Nascimento.
É disso que eu tenho muito medo.

"Carlos, Lucia, Chico e Tiago"

Dos posts anteriores e músicas do Milton Nascimento surge mais texto:

Esta noite tive um sonho.
Morava na minha antiga casa, no interior de São Paulo. Era noite e chovia.
Ouvi uns barulhos no corredor que passava pelo lado de fora da casa, ao lado das janelas dos quartos. Assustado, eu não tinha mais que 16 anos, fui até o quarto da minha mãe.
Ela estava muito calma e me disse "pode ser algo lá fora".
Fui até a janela e abri. Do lado de fora estavam dois muleques simplórios tentando entrar pela janela do quarto ao lado do que estávamos. Fiquei de fato assustado com essa cena. Um dos muleques, ao perceber que havia sido descoberto disparou uma vez em minha direção. Não acertou.
Fechei rapidamente a janela e corri para minha mãe, para pedir que ela me revelasse onde meu pai escondia sua arma. Ela estava muito calma e me disse que não era necessário isso tudo e, portanto, não iria dizer onde estava a tal arma.
Mas insisti firmemente, era preciso se defender desses muleques. Eles iriam entrar em casa e criariam muito terror entre nós. Eles estavam armados! Minha mãe continuava muito calma.
Ela enfim cedeu e me disse onde estava a arma. Estava escondida sobre o batente da porta, um local onde ninguém jamais olharia. Era uma chave de fenda muito comprida.
Apaguei as luzes da casa e esperei. Eles abriram a porta da cozinha e entraram. Eles revistavam cuidadosamente cada cômodo da casa. Eu fiquei atrás da porta do quarto, esperando que passassem.
Um deles entrou no banheiro, foi a deixa. Perfurei as costas do muleque com a chave de fenda. Havia muito sangue, e ele não conseguia se mexer, apenas tremia e seus olhos estavam arregalados, tentando descobrir o que acontecera.
O segundo vinha pelo corredor, cuidadoso e muito devagar. Sai do banheiro e já fui em direção a este. Ele também tinha uma chave de fenda, mais curta que a minha. Como se fossem espadas, retirei sua chave de fenda do caminha e perfurei o muleque no seu lado direito do peito. Sangrou muito também, mas ele não caiu. Perfurei o muleque mais duas vezes e ele caiu. Havia muito sangue. Eu estava sozinho na casa e chovia muito.
Resolvi ligar para a polícia mas minhas tentativas davam errado por muitos motivos.
Ainda no sonho, comecei a pensar e percebi a razão pela qual minha mãe estava tão calma:
Os muleques nada mais eram do que ladroezinhos, criados nesse mundo em que vivemos em que as pessoas preferem roubar a tentar acabar com o dineiro de uma vez e praticar um certo "sossego" na vida de todos. Eles eram as pessoas que não conseguem ver um lugar diferente, para eles o mundo já está dado, a verdade sempre foi verdade. Mas eles não sabiam muito bem o que faziam, eles apenas faziam.
As idéias de minha mãe eram contra a violência. Sendo eles o que eles eram, o que acabei de dizer acima, eles apenas entrariam em casa e levariam os bens materiais, depois iriam embora. Não havia problema em eles levarem tudo, pensava minha mãe. Eles também estavam assustados com tudo aquilo.
Mas eu queria fazer a justiça, queria proteger as minhas coisas, a minha família. Mas fiz nos mesmos moldes que os muleques usaram ao assaltar minha casa. Usei da violência, uma chave de fenda, eles tremiam mas não tinham como se mover, eles estavam assustados, eu estava assustado. A gente só queria acumular nossos bens materiais, pensando que isso iria preservar nossas famílias (ao meu ver, os muleques roubavam para ter como sustentar um possível família).
É isso. Sonhei esse monte de coisas. As vezes eu soho e fico inválido por dias. É bom se olhar no espelho de vez em quando.

sábado, 12 de abril de 2008

Sem muita coisa

Dos posts anteriores:

É incrível que de tempos em tempos sou pego por uma vontade imensa de fazer alguma coisa. Fazer alguma coisa de verdade. Grande. Fudida. Necessária.
Faz algum sentido.
Mas então me lembro que é tudo pelo dinheiro.
Fode minha vida toda vez que penso nisso.
Nem coisas pequeneas coneguem ser feitas sem grana. Mentira, algumas coisas pequenas se fazem sem grana. Mas são poucas.
Ainda que eu pense que tudo o que fazemos na vida, qualquer coisa, seja sempre um algo "pra mim", não vejo nada de mau nisso. Na porra do "tudo pelo dinheiro" eu vejo muita merda.

Engraçado que não era disso que eu vim falar hoje...

domingo, 30 de março de 2008

Sábado eu vou à uma festa, vou levar meu violão...

Posts anteriores são grande fonte de inspiração:

Eram seis horas da manhã e nada.
Ele continuava deitado em sua cama, olhando para o teto.
Sete horas da manhã. Nada.
O domingo tedioso nem mais lembrava a embriaguez do dia anterior.
Oito horas da manhã.
Nada passava pela sua cabeça, o ar já havia parado ao seu redor. As garrafas de bebida todas espalhadas pelo quarto.
Nove horas. Nada, como já se vinha observando.
Continuava a olhar para o teto, deitado em sua cama.
Dez horas. Nada.
O encarregado então tomou uma sábia decisão:
-Sim, de fato está morto.
Fora envenenado em sua prórpria bebida.
Não se sabe o paradeiro de sua mulher.

terça-feira, 11 de março de 2008

Yo bebo y hablo español!

Dos posts anteriores e das bebidas:

Coloquei a mão no ombro, despojadamente, e perguntei para o Mexicano:
- Quándo ustedes se quedam borrachos, ustedes hablam portugués?
Ele, também rindo um bocado, respondeu:
- No, no. No hablamos portugués si bebemos.

domingo, 9 de março de 2008

Violão, piano e todos os outros alucinógenos

Dos posts anteriores e das experiências vividas tirei uma conclusão:

Acho que estou me cansando de escrever para o computador...

terça-feira, 4 de março de 2008

Pulsão de morte

Freud explica os posts anteriores e este:

Uma mulher de meia idade atende o celular:
- Alô?
- Alô, mãe? Morri.
- Como??
- Morri. To morto.
- Do que você está falando?
- Morri, oras. Acabou. To morto.
- Isso é alguma brincadeira?
- Não, mãe. É sério. To te ligando pra avisar que to morto. Mortinho.
- Mas eu não to entendendo nada.
- É assim: eu morri. Acabou. Só queria te avisar.
- Mas, moço, eu não tenho filhos.
- Ein?! Ah, claro! Não tem filhos porque eu morri, certo? Seria "não mais tenho filhos".
- Não. Nunca tive filhos.
- Não?
- Nunca.
- Não é a Lurdes que tá falando?
- Não.
- Nossa, moça! Desculpa então. Orra, foi mal.
- Tudo bem, tudo bem. Esse meu celular é novo. Já me ligaram sem querer.
- Ah tá. Desculpa então ter incomodado. Tchau.
- Que nada. Tchau.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Ingenuidade

Não só nos posts anteriores, mas ao remexer nos baús encontrei isso:

- Mamãe, quero ser médico.
- Médico!? E você gosta de ver gente doente?
- Não..., é por isso mesmo.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O motor propulsor

Os posts anteriores explicam este:

Assim que funciona minha vida. Como nada mais faz sentido, minha busca é apenas uma: mulher. Mais exatamente "conquistar mulheres".
Ainda que não chegue a fazer nada com elas, quero dizer, transar ou mesmo que seja um beijo ou o que for, meu único motivo de vida é conquistar mulher.
Tudo o que faço, o que estudo, o que falo, as coisas que me admiram, servem apenas para, no final, usar na conquista de mulheres.
Não sei, é como uma coleção: assim que consigo uma, perde a graça e parto logo pra outra, e outra e assim vai.
Não consigo ver um mundo sem isso. Ainda porque ele não faz sentido algum. MESMO.

Ele, então, foi para a cozinha pegar mais cerveja.

Eu não conseguia pensar em coisa alguma.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Sempre, sempre

Colocações anteriores, novas descobertas:

Certa vez um amigo me disse que quando temos uma idéia que não nos sai da cabeça, ainda que a idéia seja estúpida, o melhor a fazer é executá-la logo, da melhor maneira possível. Se for bem feita, ainda é provável que gostem do resultado.
Bom, aqui vai:

Certo dia, ao acordar com os barulhos de marteladas vindas de andares abaixo ao seu, o cara se levantou da cama e, sem nem ao menos trocar de roupa, foi em direção à fonte do barulho.
No caminho ele percebeu que seu prédio passava por uma reforma. Pegou um cano de ferro que estava saliente da parede e continuou sua jornada.
PEDREIROS! Sim, essas fontes de barulhos infernais nem perceberam a presença do cara. Ele apenas levantou a mão e golpeou um a um os pedreiros.
Diante no silêncio recém-chegado uma valsa lhe encheu a mente de felicidade.
Ele dançou, enebriado.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Se pah, to fu*

Os posts anteriores são uma grande unidade:

Quando me corto sem querer
É bom pra me lembrar
Que todo esses sangue
Que vejo por aí
Está por aqui também

Moço, hoje eu vou querer
Mais alucinógeno
Não quero nada que não se pareça comigo

Se vejo o jornal ou não, tanto faz
Já acho que sei qual é o problema disso tudo

Não só hoje sou o prato do dia.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sutilezas

Posts, posts, posts, posts, posts... Todos anteriores:

Sem que ninguém lhe perguntasse, soltou:
- Você tem que entender que sou diferente do que muita gente pensa.
- E se eu te dizer que ninguem pensa nada a respeito?

Desde então nunca mais foi vista.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Harder, Better, Faster, Stronger

Dos posts anteriores:

É assim que deveria ser: grade.
Maior que tudo o que já havia feito.
GRANDE
E teria que englobar tudo.
Para que não faltasse nada.
TUDO
NADA
GRANDE
Haveria de ser última empreitada: certeira.
TUDO
CERTEIRA
GRANDE
NADA
COMEÇOU A GRITAR PELOS CORREDORES
JAMAIS
JAMAIS
E GRITOU E GRITOU E GRITOU

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Da dúvida inapropriada para o momento

Dos posts anteriores a inspiração:

- Quando fico longe de casa só me vêm duas coisas à cabeça: voltar pra casa e bater punheta.
- Ué, então porque não volta pra casa?
O primeiro fitou o segundo com a sobrancelha indignada diante de tamanha ignorância.
Durante alguns segundos ficaram imóveis.
O primeiro respondeu desdenhosamente:
- "Uuué" - e não conseguiu mais parar de rir.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Em São Paulo

Sou um infinito universo particular
Eles e elas
São um infinito universo particular


--- Ahora en español! ---

En San Pablo

Soy un infinito universo particular
Elles y ellas
Son un infinito unverso particular

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Conversa de bar

O post anterior conserva sua "aura":

Tomou um gole de cerveja para molhar a garganta e continuou:
- Então, quando eu achava que estava indo tudo bem entre a gente ela me vem com essa história...
- Orra. Mulher é foda. Eae, como vocês terminaram?
- Meti a cabeça dela na pia, aquela filha da puta.
Todos se entreolharam quietos.
- Qualé, pessoal? Não vão comer mais a batata?

Libertango

É como se vai chegando que faz toda diferença.
Tem que ter um pouco de demora temporal cinematográfica mas com o coração a mil.
E é bom que vá esmagando a garganta, entrelaçando os dedos, sem tocar.
Dá-se uma pequena chance de respirar, para que não morra. Mostre alguma compaixão dominadora.
E quando tudo parece amenizar, PUXA COM FORÇA e gira intensamente até não se reconhecer mais aquilo que vê. Não enxergar nem fora nem dentro, outro lugar.
Nesse momento já se está nas mãos, nos pés e onde mais se conseguir imaginar.
Morra

E descance para a próxima.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Só mesmo louco

O post anterior é parte de um todo:

"De louco todo mundo tem um pouco". Mas pouco. Apenas alguns poucos têm muito de louco. E são esses poucos que são os melhores naquilo que fazem, verdadeiros especialistas que ultrapassaram a barreira do "prático e útil" e agora vivem sua loucura de fazer por fazer, ser por ser.
Descobri que, para ser bom, tem de ser louco.
Mas o louco corre um grande risco social: ser louco. Afinal, sendo ele apreciado ou repudiado pela maioria das pessoas, é com essa maioria que ele não consegue se comunicar. É para a maioria que ele não passa de um ser inalcançável.
Bom, então... o louco é aquele que não se comunica como a grande maioria que o idolatra ou o repudia. Metafóricamente ele fala outra língua, ele vem de outra região do universo.
Ele é o ser estranho.
Mas garanto que naum está nem um pouco se fudendo pra tudo isso.

Passados meio-dia

Posts anteriores existem por esse motivo:

O sangue escorria, finalmente saíra de dentro da fissura. O vermelho vivo dos tomates perdera seu brilho para o líquido que fluía.
Chegou mais perto para olhar melhor, apertou os olhos e entortou a cabeça.
Afinal, o que é e para que serve a vida? Por que motivo estamos todos vivos, tendo que sobreviver? Aquele sangue alí não era por acaso. O sangue era a resposta, a pergunta e a pista.
Olhou, então para a faca que ficara ao lado dos tomates sobre a pia. Limpou rapidamente o dedo e voltou ao seu trabalho.
"Tomarei mais cuidado ao fazer a salada..."

Do horror de querer sera alguma coisa

O post anterior lembra um pouco esse aqui:

Levava um vida tão banal que nem ao menos se lembrava que dia era. Apenas seguiu em frente, rumo ao almoço.
Na rua, os tais carros passavam em suas tais friezas e velocidades fazendo aqueles tais ruídos maquinais e soltando toda aquela bobagem repetida mil vezes, a fumça. Tudo como ele já vira em todo o lugar, do jeito que ouvira.
De cabeça, calculava quanto seria a conta a pagar pelo kilo de hoje. Quantos gramas seriam, $1,5 cada cem gramas. Pagaria com umas duas notas e tres moedas reservadas desde cedo no troco do tal café preto.
Ouviu, então, alguém declamando Drummond, como sempre faziam os chatos alí na região. Ele buscou saber quem seria. Era alguém qualquer do outro lado da mesma calçada.
Por detrás da nuca ouviu uma bozina desesperada. BAM! Foi atropelado por um carro preto que parou logo em seguida. O motorista desceu, "está tudo bem?"
Ele se levantou, pegou as moedas do chão e seguiu em direção ao kilo.
Amanhã seria diferente: pagaria o café com moedas, assim não sobra troco.