sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal e um próspero Ano Novo!!

Acho o Natal e o Ano Novo dias muito errados.
Não consigo aceitar que essas datas comemorativas sejam dias tão especiais quando não passam de propagandas para vender geladeira ou pacote de viajem para Salvador. Puxa vida, que história é essa de que a gente TEM que ser feliz?
A casa cheia, repleta de comida, presentes embrulhados escondidos no armário, roupa limpa, e, quando ponho o pé pra fora de casa me pedem "por favor posso lavar o seu carro por R$5?". Não consigo aceitar que essa pompa toda é pura propaganda de televisão. Tomei no rabo feio, e foi pra aprender desde criança: pedi pra minha mãe um videogame de natal porque um amigo iria ganhar um, mas como me negavam o aparelho comecei a discursar que aquela pessoa seria muito mais feliz que eu pois ela poderia desfrutar quando quisesse dos jogos e da diversão garantida, e eis que me retrucaram sem nenhum rodeio que "aquele garoto da foto do cartão pra doar R$5 vai ganhar um tênis que seu pai doou porque ele não tem nem uma família". Como fui besta.
Que raio de "espírito natalino" é esse que nos faz enfeitar nessa data, colocar luzes e reunir a família, com um sonho de que no ano que vem tudo será melhor? Ora, é apenas uma data, um marco, o mundo surgiu, o homem cagou pela primeira vez, as coisas acontecem, e nada disso depende de uma data pra acontecer. Essas datas são criações nossas, e nos apoiamos nelas por desespero diante da vida sem sentido. (atenção, generalização à frente) Vivemos sem sentido algum a não ser o trabalho e a compra de coisas que nos deixe menos estressados para poder trabalhar mais e mais.
Odeio o Natal e o Ano Novo e essa idéia de que é uma data que DEVE ser comemorada de uma forma diferente do que um dia comum. Que porcaria é essa de fogos de artifício na beira da praia? Besteira! "Meu sonho é ir pro Rio ver a queima de fogos". Ah, por favor. E o raio da frustração dos coitados que jamais poderão ir para o Rio, salvo de buzão, amontoado, pra passar dias numa casa alugada, fruto de MUITO trabalho.
Droga de televisão que põe na cabeça da galeira que SER FELIZ É SER BONITO, é estar de branco, descalço e pulando ondas numa cidade a mais de 300Km de onde essa pessoa mora. Droga de obrigação de ser feliz quando não se é possível mesmo, quando o esforço nos esgota e não aproveitamos nada, quando perseguimos um sonho inventado que dura apenas um dia, quando nos sentimos culpados por não poder fazer dessa data aquilo que vemos na TV. Porra de Papai Noel vermelho, entregador de presentes comprados a prestação, às pressas, sem valor sentimental.
Porra de esperança em acreditar que aquele dia será mais feliz que um dia comum.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Auto-sabotagem

A respeito desse POST, nem tão antigo:

Auto-sabotagem.
A Laís acertou de primeira!
Fico nesse jogo em que vivo: faço o que eu piamente acredito que é o certo de se fazer pra poder viver ou faço o que todo mundo faz e dá certo?
Acabei de ler aquele livro "Ismael" e me sinto como o tigre que fica na jaula se perguntando "Porque? Porque? Porque?" - leiam pra entender o que quero dizer.
Realmente acho que o mundo tá todo errado e a gente vive em direção duma robotização da vida absurda, uma robotização com maquiagem de "liberdade". Puxa, liberdade hoje, se formos bem a fundo, seria traduzida como "liberdade de consumo e fetiche da mercadoria". Foda foda foda, mas é o que é.
Arranjar trabalho, "se esforçar" pra ser o melhor, "subir na vida"... tudo isso é só pra poder comprar as coisas que a gente precisa pra poder se desligar do trabalho. Pra que tanto trabalho??? Ora, pra comprar uma TV maior, um computador com mais jogos/pornografia, viajar para todos os pontos turísticos do mundo, comer carne de outro lugar. Que bosta, se não faço isso sou um grande perdedor, alguém que deixou a vida passar.
Entendem o que quero dizer agora?
E você acertou em cheio, senhorita Laís: só mesmo me auto-sabotando pra poder "entrar no eixo", "andar nos trilhos" - triste.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Minha vida em alguns bits

Quem sabe sabe: ficar sem o querido computador é como se arrancassem um pedaço dagente.
Me lembro quando meu PC, aquele que tem toda a minha vida, todos meus arquivos de música, foto, jogos (queridos jogos) e a coisa mais valiosa que é internet, meu meio de comunicação e forma de não ficar tão sozinho, me lembro quando tudo isso simplesmente parou de funcionar.
Fiquei pensando em o que seria de mim se agora meu computador resolvesse desligar sozinho e não avisar mais quando volta. Seria quase como voltar pra idades pré históricas da civilização. Com certeza eu iria TENTAR dormir, é tudo o que teria pra fazer.
Puxa, sou completamente dependente do computador pra não ficar sozinho, e cada vez mais me afundo nele...
E é verdade mesmo tudo isso que to escrevendo!

Substituição

Não venham me entender errado ou fazer um mau juízo do que vou dizer agora: todo mundo é substituível.
Isso me vem a cabeça logo após pensar que, queiramos ou não, a vida tem um fim concreto, morte do corpo. Logo também tem fins abstratos, como mudanças radicais no cotidiano, sonhos, frustrações e todo o tipo de coisa que acaba metafisicamente com a vida.
É sobre esse ponto de vista que comecei a ver que todo mundo é substituível, e que isso não é nenhum tipo de niilismo ou negatividade da minha parte. Substituímos uma pessoa por outra quando aquela nos faz muita falta por qualquer razão que seja.
Vivo dizendo que ninguém é igual a outra pessoa, principalmente os queridos - não adianta tentar encontrar uma pessoa muito querida a não ser nela mesma! - e continuo batendo o pé a respeito disso. Mas, em algum momento, em caso de qualquer um dos "fins" citados acima, sentimos falta daquilo que a certa pessoa nos fazia, daquilo que nela nos deixava completos, e, dessa forma, partimos pra procurar não mais a pessoa especial, mas aquilo dela que nos completava.
Em um primeiro momento não há maldade alguma nisso que estou dizendo, e é por aí que eu paro, na mera constatação de que nós somos seres desejantes de coisas, e tentamos conseguir o que queremos e precisamos. Amigos, namorados, pais, irmãos, padre e padeiro da esquina, todos são substituíveis no momento em que deixam de existir definitivamente nas nossas vidas.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Licença poética

Em casa, toco piano.
Cada uma das músicas mais lindas que consigo tocar vendo a tarde se por.
Toco pra não ficar sozinho.
E as notas são pra você, Laís.

Falta de... falta de... falta de... ??

Tô fazendo tudo errado.
Sei como se faz, sei por que é assim que faz, sei o que eu ganho com isso.

Mesmo assim faço tudo errado.
Que raio que acontece?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A respeito do post anterior:

Como são fodas os filmes em que as personagens são contruídas aos poucos e a gente não consegue ter raiva total delas ou compaixão total. Mesmo no final do filme perdura aquele "gostinho" de que eles são tão humanos quanto eu.

Eu que não fumo pedi um cigarro

Meu maldito core obscuro do cérebro, o mesmo que funciona a mil pra me trazer os sonhos enquanto durmo, não parou de funcionar. Passou uma semana inteira dando voltas e mais voltas nele mesmo e na cabeça toda e foi pras mãos pros pés pro coração pra barriga pra boca do estômago e ainda não decidiu o que fazer.
Sempre uma decisão difícil: Enishi Vs Kenshin. Enishi Vs Kenshin.
Quanta força ainda terei que usar para não escolher Willian 'Bill' Munny?

Então o Little Bill Daggett está deitado no chão e diz:
- I don't deserve this... to die like this. I was building a house.
- Deserve's got nothing to do with it.

Easy come, easy go

De repente, de repente mesmo... me passou pela cabeça que pode ser que eu tenha que mudar alguma coisa.

Acasos

É incrível pensar que os queridos e memoráveis acasos acontecem pra mim APENAS dentro de três variáveis. São elas: estou sentado e o lugar ao lado está vazio/ tenho que me sentar e só há um lugar vago, estou bêbado com Mura no level mil, ou estou sentado/ terei que sentar e estou bêbado.
Não tô fazendo nenhuma alusão boba a bebidas, só estou constatando que a ligação entre uma coisa e outra é constante.
Sair de casa também é quebrar a rotina, e quando quebramos a rotina temos uma percepção mais aguçada daquilo que está acontecendo ao nosso redor. Acasos queridos NECESSITAM de uma percepção maior do mundo, precisam de um algo a mais de nós mesmos pra acontecer.
Puts, não é por nada... nem sei porque comecei a ligar os fatos sem motivo...

Música para além do som

Sobre um post recém escrito:

Se eu tivesse conhecido Pink Floyd num momento ruim da minha vida, com certeza estaria até hoje sem conseguir ouvir Dark Side of the Moon para além do Breath, ou no máximo On the Run.
Quando ouço as músicas do Morphine, apesar de me identificar com o som e achar o máximo aquele sax, começo a me lembrar do momento em que conheci a banda, de tudo o que eu estava passando, do MSN, blogs alheios... "All wrong", "I'm Free now", pulo as músicas pra, quem sabe, voltar mais tarde e conseguir ouvi-las.
Por outro lado, tem o Tom Waits. Esse eu descobri sozinho em sua áurea época do Rain Dogs, Mule Variations, álbuns mais conhecidos e até premiados. Só não conhecia mesmo seus primeiros momentos, aqueles do Closing Time e assim por diante. "Had me a girl" foi o ponto de partida para a redescoberta - my doctor says I'll be alright but i'm fellin' blue.
Acho que é pela simplicidade das letras e das melodias que consigui encaixar esse Waits mais antigo nos momentos que passei, justamente esses mesmos momentos que me afastam do Morphine. Veja só: a já citada Ol'55, com seu "just wishing I'd stayed a little longer" traduziu meus pensamentos de primeira; Old Shoes me confortava trocando minhas mágoas por um certo carinho ao perceber "that we'd lost the magic we had at the start" mas ainda sim havia a despedida à garota "with the sun in her eyes"; Grapefriut Moon com "every time I hear the melody, something breaks inside" não há 'melody' alguma, mas também coube como uma luva;
"And I hope that I don't fall in love with you 'cause falling in love just makes me blue", "I'm glad that you're gone, got the feeling so strong, but I wish to the Lord that you come home", "house where nobody lives"... tudo simples e sem frescura.
Tom Waits me deu força pra continuar, pra me lembrar que a vida não é quase nada de especial e que ela acontece e pronto, que a gente fica triste mesmo quando as coisas dão muito errado - coisa que o Mura sempre soube! Morphine só me traz recordações ruins apesar de seu som fu-di-do.


PS I: sempre pulei a "Martha" do Waits. A princípio por achar muito triste que isso fosse acontecer comigo, de num futuro qualquer eu estar num telefone tentando falar com alguém pra poder dizer coisas que não havia dito no momento que deveria ter dito "it's been so many years", mas depois foi por pensar que a melancolia de "those were days of roses..." poderia não ser pra mim, mas pra outra pessoa.
PS II: devo dizer que imediatamente antes de começar a ouvir Morphine e Tom Waits eu passava as tardes com o The Wall martelando minha cabeça.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Não estão prontos e, acho, não estarão

Me lembro que conversávamos por mensagens de texto, eu aqui e ela lá, sobre como as pessoas não estão prontas pro amor. Me lembro de estar convicto disso quando falei "não estão prontas pro amor" e ainda acho que não estão.
Por um segundo eu ligo o meu "bom senso" e penso que as vezes sou eu quem está ultrapassado naquilo que é o amor. Mas isso não é a verdade, porque as pessoas mesmo é que não estão prontas.
Há um certo limite para até onde você pode chegar numa relação interpessoal, principalmente a dois. Porque a três, quatro, cinco, assim por diante, a coisa não parece precisar muito de amor mesmo, precisa mais é de uma coragem estranha que se confunde mesmo com a mesma bolha que impede as pessoas de se tocarem.
Bom, quanto ao amor a dois, existe esse limite imposto pela vontade de ser aquilo que eu quero aparentar ser, e não vontade de ser aquilo que já sou. Amor demais é perigoso e pode por tudo a perder, inclusive nosso cabelinho arrumado. Não deveria ser perigoso, mas o é a partir do momento em que perdemos outras "oportunidades" da vida, perdemos a nossa "liberdade" em função de algo abstrato e disforme.
Quando digo que as pessoas não estão prontas para amar é porque tenho certeza que elas possuem tantas coisas que tem muito medo de perder todas, tem certo medo de morrer e sumir da face da Terra. Ora, morrendo ou não o fato é que uma vida feita de seriados na televisão e R$50 conto de entrada num barzinho qualquer não produz uma conversa franca sequer.
Amor é pra quem pode.

Morphine

Ainda preciso aprender a ouvir Morphine sem relacionar com nada dos meus pré conceitos de quando conheci pra valer a banda. Tenho tudo pra gostar desse som pesado e denso, mas algumas lembranças me impedem de curtir o som por ele mesmo...

E foi assim mesmo

Ok, foi assim que aconteceu e me disseram pra dançar e me deram um boanoitecinderela pela metade e eu não dormia nem acordava estava no limbo vendo tudo o que me acontecia sem nem ao menos sentir nada ouvir minha voz ou outro som qualquer e logo depois fui voltanto voltando e não tinha mais ninguém por perto todo mundo dançava e curtia e bebia as coisas e continuavam de pé curtindo.
Digo que foi muito muito estranho estava com a bunda no chão e foi a primeira vez que percebi que tinha tênis canela joelho coxa e pernas e elas eram parte de mim assim como todo o resto que estava sentindo naquele momento uma vontade imensa de chorar de muita raiva e muita alegria de perceber que alí não era o meu lugar que era para onde todos iam e se empurravam pra entrar mas não fazia o mínimo sentido qualquer um de nós estar alí.
Foi daí em diante que saía e voltava pra casa quando percebia que era de coração.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sobre um bando de coisas

Se eu fosse realmente muito feio, e não ligasse realmente pra nada, com certeza já estaria muito longe de onde estou agora.
Sim, estive pensando que o medo de ser nada é que me deixa pregado no chão, pensando em possibilidades imbecis de sobrevivência, ao invés de mais possibilidades de vida. Quanto medo de levar um mera porradinha na cara, um pisão no dedo do pé, aquele dedo que na real nem dói tanto quanto um dedinho que foi de encontro ao pé da mesa.
É dessa beleza não somente física e sensorial mas também duma beleza de alma, aura, espírito, essa beleza de tentar ser Jesus Cristo, ou pior, Maria Imaculada, que me fizeram um homem com carinha de bumbum de bebê, cabelinho escovado e um baú cheio do que é mais podre em mim.
Apodreceu porque não deixei que surgisse quando devia, ficou para trás por pensar que eu seria pior se fosse mais vivo.
Morto desde criança, agora tento deixar de ser zumbi.

domingo, 31 de outubro de 2010

Sonhos são...

Hoje sonhei que eu estava sobre um palco fazendo um show de piano e voz. Era a minha turnê por aí, minha carreira era muito conhecida e bem vinda por muitas pessoas.
Fui cantar uma música linda, "Ol' '55" do querido Tom Waits, mas durante a música fiquei muito mas muito triste, a ponto de não conseguir mais cantar, apenas chorar longe do microfone enquanto continuava os acordes, pra música não parar.
No fim do show um reporter que me entrevistava perguntou porque eu sempre chorava naquela música, em todos os shows. Eu respondi:
"Essa música é muito sofrida pra mim. Todas vez que toco me lembro de quando eu voltava de carona de Bauru, de um fim de semana que eu queria que tivesse sido pelo menos um pouquinho mais longa, que eu tivesse ficado um pouco mais, se possível pra sempre".

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Telepatia

Não é que eu descubro de antemão ou tenho algum poder telepático de descobrir que é você quem está me telefonando.
A verdade é que quando me toca o telefone, quero muito que seja você.

E as vezes é.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Warning

Aviso aos bestas de plantão:
Ser homem não é só usar o pinto.

Pincel

Peço desculpas por as vezes não entender o mundo ao meu redor, por ser impaciente e bruto.
As coisas estão começando a ficar difíceis de novo, e isso me faz com que quaisquer estímulos negativos sejam amplificados em escala logarítmica. Já aprendi que fico nervoso além do necessário nesses momentos mas com certeza, mesmo que ainda fique nervoso, já consigo raciocinar em alguns porquês, o que me ajuda a fazer e pensar em menos merda.
Bom, me lembro de estar triste assim meses atrás, inconformado com a instabilidade da minha vida profissional e pessoal, o mundo parecia algo no qual eu não vivera todos os 23 anos de idade, parecia alguma coisa que nunca esteve alí e, de repente, se levantou e começou a crescer da forma que quisesse.
Nessa ocasião, da sensação de casas na areia, recebi um pedido: que conseguisse um item importante e o levasse até a pessoa que precisava. Pois então arranjei o item, mas algo saiu errado, a viagem marcada a tanto tempo teria que ser adiada, logo eu não poderia entregar o item no tempo que parecia ser decisivo. Resolvi, então, avisar a pessoa dessa repentina mudança de planos, para que ela também ficasse mais preparada para a possível falta que aquilo iria fazer. Também não foi fácil para mim saber que a pessoa que deveria receber a encomenda também me faria muita falta, devido ao atraso.
Foi naquele momento, falando ao telefone, que tomei minha decisão, e a partir de então comecei a arrancar rebocos de parede soltos: ouvi a indignação e a bronca de que o item faria muita falta, e que tudo iria dar errado por conta disso, porém sem nem ao menos ser mencionada a falta que eu faria alí. Já imaginava que eu mesmo não fazia mais tanta falta assim, e aquilo me deixava impaciente e rancoroso, e foi com aquele telefonema que senti tudo isso.
Me importo muito com o que faço e coloco um pouco de mim e das minhas energias nas coisas. Aquele item, imaginava eu, deveria carregar não apenas sua função de uso, mas também um pouco de mim. Se ele não fosse entregue, um pouco de mim também não iria servir para nada. Mas ao saber que aquele objeto valia mais do que uma saudade, soube que meu caminho já deveria ter mudado.

Pequena explicação

Quanto a esse outro post não tão estranho ao Mura:

Duas vezes. Só duas vezes na minha vida inteira eu transei com alguém que não admirasse e amasse muito.
Sexo é muito fácil de conseguir.
Mas pra mim tem que ser merecido. Sem isso, prefiro fazer sozinho.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Triste

A minha maior tristeza é não poder compartilhar as coisas ótimas que acontecem na vida. Tenho a impressão que não tenho mesmo alguém 100% pra dividir tudo de bom que me acontece: desde um presente inesperado, passando por uma salva de palmas na sala de aula até um prêmio em reconhecimento ao meu trabalho. Me falta memso alguém que vibre comigo, ressonância, nesses momentos.
Aliás, tocando no assunto:
Como é bom receber um sorriso de volta quando olho nos olho de alguém que nem conheço.
Foi de canto de boca, eu vi. Não há porque se envergonhar disso.

Frio na barriga

Não, acho que me enganei...
O que eu quero mesmo é sexo.
Toda essa história de falar, tocar, se aproximar... em muitos dos casos tem desejo sexual aí, e muito!
Não acho que gozar é sinal de prazer. Muito pelo contrário, é o fim do prazer, se pensarmos que somos animais e que, burros, uma hora teríamos que parar de transar, o gozo é pra podermos acabar logo com isso e bem mais tarde querer mais.
Ainda não consegui me libertar sexualmente, em parte porque tenho medo das consequencias e em parte porque não me deixaram mesmo.
Esse não é meu objetivo de vida, mas é algo que juro que me tornaria melhor.

Sanidade vai, sanidade vem

Agora me lembro dos primórdios de quando mudei pra cidade grande.
Eu disse certa vez: "quando chego nessa nova terra sou um cara diferente"
Sim sim sim sim isso era verdade, e me fazia me sentir sujo, podre e descompleto.
Mas o que estava errado foi meu ponto de vista: quando saída da cidade grande é que eu me tornava um cara diferente....
Vou conseguir ser a mesma pessoa onde quer que eu vá? Porque acho um saco que inconscientemente eu fique inventando personagens só pra tirar proveito de uma situação.

Ah! Agora me lembrei de outra coisa. Do quanto eu menti pra tirar proveito de situações na minha terra natal. Sim, toda vez que faço algo escondido acaba em merda, das grandes.

Opa, pit stop na razão

A constante elástica da minha sanidade
Não permite que eu siga um caminho "correto"
Já que ninguém pode me mostrar o que é de fato uma verdade
O que é de fato esquecer, e o que é de fato inventar.

Pertence a mim a maldade nas coisas, por os pés sobre os caídos enquanto estendo a mão
Então em um jogo de câmeras eu estou caído e a mão a que me estende é também minha
E eu sei que, no fundo dos olhos e no canto da boca está a diversão de quem pisa. Eu mesmo.

Ah se os gestos realmente forem mais forte que palavras, e os sentimentos um combustível para os dois
Mas ambos queimam! Fogo e destruição - a vontade é violenta, é violência - passar por cima de tudo
Esperando uma palavra, um gesto, uma ação. Passar por cima de si mesmo todas as vezes.

Arrependimento é como uma droga que nos colcoa pra dormir de novo.
Eu deveria me arrepender de fazer com que eu viva mais? Me arrepender de dizer o que eu sinto e, principalmente não por a mão na frente e sim atacar com força?
Não é certo usar uma roupa que esconda quem sou eu de verdade.
Se me virarem do avesso vão tomar um susto horrível, porque por fora não sou tão verdadeiro.

Como eu queria acreditar no que me falam por aí, e pacifizar o restinho de vida que tenho.
"Me traio em pensamentos", "te traio em pensamentos", "não sei no que estou pensando"
Ora, sabe sim, e sabe que é vontade, e sabe que é podridão e que não vai mais sair de casa por isso.

Choro uma lágrima, duas, três. Deixo chorar o que for, pra que nada fique guardado.
Vou rir com vocês e vou cantar bem alto e alegre, pra que todos fiquem alegres, pra que todos chorem e se lembrem que no fundo não é nada, é bobagem, e a gente que é mole passa a vida reclamando.

Sem esforço

Hoje, fazendo as vezes de repentista pra passar o tempo ouvi comentários como "você é bom nisso".
Ótimo, estive fazendo o que eu queria fazer naquele momento, como algo puro que vem sem medo de dentro de mim. Como quando me sento ao piano e toco algo bonito.
Se eu não fosse sincero com as pessoas (e comigo mesmo), elas nunca teriam ouvido nem uma nota e nem uma palavra.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

E eu vou tratá-la bem, pra que ela não tenha medo quando começar a conhecer os meus segredos

Comentário banal

Só um comentário para mim mesmo, a respeito desse post:
Sempre esqueço quais os cadernos e folhas de papel e arquivos de computador estão as letras e músicas para essas garotas. O problema é que, no meio da bagunça, sempre acabo emprestando o caderno, folha, pen drive que tem o rascunho da letra, e na hora fico muito aflito. Nunca me esqueço que, no primeiro semestre da faculdade, fiquei morrendo de vergonha em casa por ter emprestado um caderno que tinha justamente uma dessas letras ridículas de música de amor pra alguém. Fiquei pensando em todas as mentiras e respostas que poderia dar no dia seguinte, quando minha colega viesse devolver meu caderno com uma letra de música de amor para alguém que ela sequer conhece. Mas, no dia seguinte, juro que fui pra facul já envergonhado, ela me devolveu o caderno dizendo "Desculpa, não tive nem tempo de olhar seu caderno". Alívio imediato.
Devo dizer que a partir de então sempre abri meu caderno exatamente nas páginas que os amigos precisavam...

Auto releitura

Explicação sobre um post estranho ao Mura:

Das primeiras vezes que menti pra minha mãe levei o pior castigo que poderia ter: o silêncio dela ao descobrir, por mais simples que seja. Acredito que até hoje ela não confia completamente em mim em assuntos mais sérios, já que também eu não sou muito de falar. Mas é por esse motivo que, pras pessoas que eu realmente tenho algum apreço eu nunca consegui mentir. Pra essas pessoas, não querendo machucar, sempre preferi omitir a mentir, e era isso que eu fazia, e por isso dizer "eu também" não tem nem de perto o mesmo significado de "eu te amo".
Só pra completar, pra todo o resto eu mentia mesmo, e guardava na memórias as histórias que havia contado pra nunca cair em contradição. Depois que aprendi como se faz nunca mais fui pego numa mentira e usava isso o tempo todo em minha busca por me distanciar das pessoas sem perder o proveito que poderia tirar delas. Triste pensar assim, mas preferia usar do que compartilhar.

Acaso

Eu estava sentindo que havia algo diferente hoje. E não foi a chuva repentina anunciada pelo jornal... Acho mesmo que tenho uma conexão muito forte com alguma pessoas.


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Fast track down

Hoje, relendo velhos posts de novos blogs, tive uma pequena sensação de... lembrança.
Por acaso, juro que acaso, estava ouvindo Black Sabbath que sempre me ajuda com a limpeza do quarto e por curiosidade mórbida reli um mês inteiro de blog.
Essa banda não me trás ódio, pelo contrário, vejo como uma luta por paz e amor (ouça Children of the Grave), mas meu coração começou a palpitar mais forte e me lembrei de umas coisas ruins que fizeram a uma grande amiga minha, que por sua vez, sem querer, acabou fazendo coisas ruins pra mim. Eita, agora me lembro porque voltei a fazer exercícios regularmente: queria voltar a ser forte pra poder atacar.
Nunca briguei realmente com alguém, porque sei que, se brigar, vou querer de fato fazer essa pessoa desaparecer da face da Terra. Um simples lição não é o suficiente para quem for meu inimigo, pois não confio em inimigos. Somente destruindo de vez eu poderia ter paz, no caso de algo desse tamanho.
Quando fecho minha mão, um dos dedos dói. E é porque ele está inchado. Machuquei tentando me purificar de um monte de besteiras minhas, e agora levo essa protuberância como lembrança. Mesmo assim, não desisto de continuar a viver.
Estou muito feliz com como as coisas estão hoje, mas vejo que de todos os lados existem pontas soltas. O pior é começar a pensar que, pra um dos lados, isso não importa em nada. Nessa hora me lembro do personagem do Leonardo Di Caprio em "Os Infiltrados" que, ao socar o cara ele quebra a mão. Isso não interessa, ele pega o pendurador de chapéus e dá na cara do neguinho...

The gold it's in the....

Estou sentindo falta daqueles dias em que, sem me esforçar em absolutamente nada, minha cabeça ficava cheia de planos legais e coisas que eu iria fazer, desde trabalhos da facul, saida com amigos ou mesmo projetos artísticos/intelectuais. Me lembro de que meu cérebro quad core (sim, tenho um desse, mas nem sempre uso) funcionava ocm um dos "core" ligados o dia todo enquanto eu fazia outras coisas. Muitas vezes foram sessões de Pro Tools, arranjos de música, filmes que eu iria assistir ou mesmo escrever e até, pasmem, livros que estiveram sobre minha cama desarrumada, esperando pra serem devorados!!
Tá faltando um pouquinho de algo aqui, uma vontade de fazer algo além do ordinário. Até tenho várias idéias, mas não estou mesmo sentindo aquele impulso de ultrapassar o atrito estático físico e mental. Há poucos dias atrás tive muitos motivos pra me levantar da cama e que me impulsionaram, entre eles, a ilustre presença da chanzinha em meu humilde e sujo lar. Agora só tenho reclamações de coisas que não quero fazer, por me sentir um tanto vazio. Hum... as coisas nem sempre são cheias, né? Difícil é se segurar e não deixar que aquele maldito pensamento venha a cabeça: "será que isso é pra sempre???".
Não é, mas agora não consigo provar essa afirmativa.

Hoje tive um sonho que só me lembro uma parte, quando não sei por que motivo um amigo vira pra mim e diz "se eu não ficasse tanto tempo na internet com certeza teria pensado nisso", e ele se referia a alguma coisa genial que alguma outra pessoa havia feito.
Já disse, os sonhos não são premonições, mas manifestações daquilo que está na nossa cabeça.

Seres bolhudos

Por ter sido um bolhudo eu tenho um pouco de moral pra falar aqui:

Tenho me sentido realmente distante das pessoas nesses dias. Há muito que procuro algumas coisas verdadeiras e que dêem sentido pra rotina da minha vida ordinária. Acordar cedo, fazer tranalhos aqui e alí, terminar um TCC e outras coisinhas são necessárias pra que eu continue vivendo, mas só isso não é nem de perto o suficiente pra preencher todo anseio que tenho de fazer valer esse pequenho espaço de tempo que é a vida. Pois bem, descobri muito cedo que o que me faz perder a sensação de que o tempo é contínuo são as minhas companhias, as pessoas quaisquer que sejam que estão ao redor simplesmente vivendo. Com elas eu fazo coisas junto, aprendo, cresço e, principalmente, consigo me perceber como ser humano, desde os limites do corpo até psicodelismos vitais.
Contudo, o que tenho visto ultimamente é o embolhamento de grande parte dessas pessoas das quais falei. Infelizmente há uma bolha cercando e protegendo essa galera toda de quaisquer estímulos e fenômenos do mundo, o que torna todas as relações mais vazias como uma CocaCola Zero.
Os bolhudos são pessoas que têm um convívio social, saem de casa, cantam, brincam, riem, mas sem se aproximar demais dos outros. Tenho percebido isso primeiro em mim mesmo, pra depois perceber nos outros também. Em um momento de imensa alegria, sinto muita vontade de abraçar as pessoas, tocar, fazer algo que me passe toda aquela energia que a pessoa tem ou teve pra fazer a tal da coisa legal. Só que faço um policiamento tão grande, passo essa vontade por tantos e tantos filtros que ela perde o rítmo do seu momento e passa, fica pra trás. Sinto essas vontades de interação mais física de uma forma bastante ingênua, sem nenhum tipo de intenção que não seja simplesmente aproveitar o momento, curtir as pessoas que me deixaram feliz nem que por um segundo, não são sensações sexuais num sentido mais profundo ou sensações afetivas elevadas, como a paixão. É simplesmente um explosão de vontade de se sentir vivo, como alguém que precisa pular de um avião pra perceber que ele mesmo é de verdade.
Conheço mesmo apenas duas pessoas que agem dessa forma boa comigo, do jeito que eu gostaria que fosse. Uma delas tem 13 anos de idade e a outra é uma garota que às vezes pensa que esse tipo de atitude é infantil. Não é infantil, é verdadeira! Não tem coisa mais relaxante do que ganhar um belo abraço curador ou pegar na mão "involuntariamente" enquanto andamos por aí. Aliás, meio que depois que tive essas experiências com essa garota (Lala-chan!) é que fui perceber que era isso mesmo que eu estava guardando há tanto tempo.
Mais uma vez, essas sensações não são sexuais ou afetivas em um grau profundo, são apenas vontade de compartilhar a energia que está alí naquele momento.
Vejo que muitas das pessoas ao meu redor se aproximam até o limiar disso mas não passam dessa barreira por nada. Elas não são superficiais, mas também não se deixam ir mais a fundo nas coisas. "Paz e Amor", no cliché não apenas dos hippies, é assim que penso que as coisas devem ser, e a tal bolha é justamente o medo do amor (já imagino uma música chamada "fear of love"). Muito medo do amor (em seus vários graus) e de deixar que sua vida seja mais natural. Medo de tocar, abraçar, segurar e apertar. E o pior: à primeira abertura que dão à essas manifestações, sentem medo de perdê-las, a ponto de por vezes se distanciar ao máximo para não correr o risco de se machucar.
Mas nesse caso, o machucado não passa de um ralado no joelho de quando caímos de bicicleta. Apesar do nosso mundo mais "liberado" e de cabeça aberta, muita gente é higienizada o suficiente pra ter medo de cair pouco - e por isso às vezes caem de MUITO ALTO e se deformam de vez.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Mais e mais coisas

OU

(Como arrependimento não é botão de reset - Parte IV)

Então o garoto disse como quem não quer nada "Nossa, que cheiro de bolo" e deu uma bela respirada profunda. Os garotos ao redor, no mesmo momento, também respiraram bem fundo para, logo em seguida gritarem com o primeiro "Caralho, você peidou!". Todos riram.
Eu não respirei fundo. No momento em que ele disse aquilo, primeiro quis me certificar do que é que ele estava falando. Naturalmente não tive vontade de sentir de primeira o cheiro do bolo e por isso esperei para ver ao redor e sentir naquele garoto a verdade daquilo que ele estava falando. Muitos vão pensar que eu era um gatoro esperto e precavido.
Muito pelo contrário, sempre fui alguém que não confia em ninguém. E acredito que isso se deva pelo fato de ser muito medroso, lipinho e sem cicatrizes. Por muito tempo preferi ser arisco às coisas, procurando a mentira ou a verdade por ´trás dos olhares, da voz, das intenções e gestos concretos. Realmente não confiava em ninguém, e isso me acompanhou por muito tempo mesmo.
E é por esse motivo que nas relaçõe mais íntimas sempre tentei manter um distânciamento seguro. Isso é muito triste. Nunca deixei transparecer minhas intenções tanto as boas quanto as ruins, e por isso sinto que enganei a mim mesmo e as pessoas que por ventura confiaram em mim. Mais uma vez, não foi uma mentira, nunca menti para conseguir amigos e amores, mas fui ocultador de verdades.
Puxa, é estranho começar a pensar nessas coisas e querer mudar tudo a partir de agora. Acho que tenho muito tempo sim pra me rearranjar, mas também fico meio arrependido das coisas que posso ter perdido, das experiências verdadeiras que deixei pra trás por puro medo mesmo de me ferrar. Bom, muito da bondade do Mura vem dessa experiência de pessoas ferrando umas às outras, e isso não posso negar.

domingo, 3 de outubro de 2010

Todas as cartas de amor são ridículas

OU

(Como arrependimento não é botão de reset - Parte III)

Não estava planejando essa "parte III", mas ela surgiu numa hora interessante.
Enquanto repensava no quanto posso ter perdido simplesmente por nunca ter sentido aquele "clímax" no qual dizemos, do fundo do coração, "eu te amo", também percebi que, mesmo gostando muito de uma pessoa e, de certa forma, me apaixonando por ela, também nunca consegui escrever uma canção de amor para essa pessoa. Só consigo escrever canções sobre alguém sozinho ou músicas instrumentais, e isso agora me é muito instigante.
Mais de uma vez tentei fazer uma música para presentear alguém muito querido, e acredito que a letra deva dizer o suficiente sobre a minha história com tal pessoa, ou mesmo dizer o que realmente sinto. Mas apesar de conseguir criar alguma base melódica, a letra NUNCA saiu, salvo so refrões, que sempre surgem nas primeiras notas. Os refrões são completamente espontâneos e por isso bobos e lindos, porém o resto da letra nunca termina. A única experiência musical bem sucedida que tive foi uma música instrumental que, no máximo, murmurei as notas da melodia - devo dizer que o presente foi muito bem aceito, na época, pela "mocinha das flores".
Justamente aquele "medo" de me abrir me inibia na hora de escrever músicas legais e bonitas. Só agora eu consigo compreender um pouco as músicas que ouço por aí, as belas músicas que falam de amor de uma pessoa para outra. Mesmo assim, ainda não consigo escrever mais que um refrão.
Poxa, dizer "eu te amo", das mais diversas formas (em palavras, gestos verdadeiros, músicas e etc) não deveria ser uma coisa banal, que fazemos pra qualquer um a qualquer momento. Só que também não deveria ser essa coisa tão escondida que estive fazendo durante anos. Se sentir amado é bom, e acho que essas pessoas especiais que conheci e que virei a conhecer merecem e muito saber que são amadas.

Espero que não tenha que escrever uma "parte IV".


Ressucita, pelo fim da tua vida

OU

(Como arrependimento não é botão de reset - Parte II)

Foi pensando sem parar que percebi que hoje me arrependo, apesar de não saber ao certo como arrumar o que vem pela frente. Há mais de duas semanas (talvez umas três ou quatro) comecei a pensar no quanto a minha falta de sinceridade me levou pra dentro de um buraco em praticamente todas as relações interpessoais que tive na vida.
Fazendo uma das poucas coisas que sei fazer, ouvir música e lavar louça (quem não ajuda também não deve atrapalhar) e tentando sozinho desentalar a garganta presa, uma fagulha foi o suficiente pra trazer muita coisa que guardo só pra mim, e que agora divido com você, computador:

And Martha, Martha, I love you can't you see?

Tom Waits tem sido um inesperado companheiro, e naquele dia, mais uma vez ele veio me mostrar algo muito bonito e triste. Com as mãos ensaboadas, molho de tomate no fundo das panelas, meus olhos se encheram de lágrimas, das mais silenciosas que alguém pode ter. Silenciosas pois saíram de uma ferida profunda, mas trouxeram talvez um entendimento tão claro das coisas quanto uma epifania. Apesar do Mura, eu nunca me entreguei realmente ao amor.

Foi uma porrada muito forte perceber mais uma vez que eu errei junto com o mundo. Um estúpido que tem medo de si próprio, medo de morrer ainda jovem, protegido por muros de soberania e controle das situações.
De todos os relacionamentos amorosos, platônicos, de amizade, familiar e toda sorte de relacionamentos, nunca senti realmente que estava pronto para dizer "eu te amo". Sempre havia algo faltando para se atingir esse "clímax", algo que hoje vejo que foi muito mais da minha falta do que da falta dos outros.
Enquanto tentava segurar as lágrimas (não consegui, elas escorriam pelo meu rosto) fui percebendo o quanto sempre tive dentro de mim um potencial imenso para o amor e que, não sei quando isso aconteceu, fui deixando de lado gradativamente e me tornando alguém meticuloso, que calcula friamente as possibilidades e se entrega ao caos das relações de uma forma quase superficial.
Falando de mulheres, quantas vezes não perdi imensuráveis carinhos, simplesmente por não deixar que a minha sinceridade tomasse conta inteira de mim. É dessa sinceridade que tenho falado ultimamente, sim, dessa sinceridade; de poder dizer o quanto as pessoas são especiais para mim (e o são de verdade, sem interesse algum senão o de querer que elas vivam!) o quanto preciso delas pra poder perceber que estou vivo, o quanto odeio certas coisas que me fazem e o quanto estou disposto a carregar pesos enquanto espero que nos acomodemos. Falo de pessoas realmente especiais, que juro que não vão me ferir - porque eu sei, e é por isso que limpo as lágrimas na manga da camiseta, que se me machucaram de alguma forma, minha falta de sinceridade tem muito peso nisso.

Não entendo como, com todo o potencial que sempre tive pra amar (de todas as formas, Mura, é por isso que criei você) o medo de morrer me fez forte em frear impulsos completamente sadios de afeto, sempre funcionando no "quase lá".

Numa dessas noites me arrependi de não ter deixado transparecer o quanto sofri com uma notícia recebida por MSN. Então sofri em escala exponencial por achar que seria mais forte que eu mesmo, escondendo cada vez mais meus sentimentos.

Tenho cada vez mais ódio da mentira e da preguiça, mas, sei que elas já estão completamente marcadas em mim, eu mesmo me certifiquei de que elas ficariam bem gravadas. Não é de uma hora pra outra que alguém consegue dar um reset em tudo aquilo que a compõe, não há ressureição divina em três dias pra ninguém.
Terei que trabalhar como um homem, com as mãos destruídas de tanta luta (não mais destruo meu corpo como forma de me purificar do outro, mas para me purificar de mim mesmo) e com a cabeça livre. Preciso de liberdade, muita liberdade. Preciso que deixem que eu faça do meu jeito, e caia e levante e caia e levante e queime o corpo e quebre os braços e me cure o quanto for. Só assim aprendo de verdade - não tomem as decisões por mim, mesmo que eu não entenda nada daquilo que devo decidir, quero ajuda e não muletas eternas, minhas pernas estão bem fracas.

Pode pensar o que quiser, computador, mas sou quase tão ruim quanto os piores. E agora fico na péssima desculpa de que, no amor, só menti pra mim mesmo e nunca para os outros.
Não sou superior a ninguém nas poucas qualidades que tenho, no máximo estou no mesmo nível.
E se isso tivesse claro pra mim desde o início, meus olhos, naquele momento na pia de lavar louça, provavelmente não estariam vermelhos de tanta tristeza.

Crucifica-o

OU

(Como arrependimento não é botão de reset - Parte I)

Apesar de responder "eu também", nunca havia dito "eu te amo".
Pelo menos nunca menti pra ninguém.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Loucura

Quando o Spike Spiegel disse algo assim "foi a partir de então que eu comecei a ter medo de morrer" eu percebi tudo em mim.
Agora preciso pensar um pouco, quieto, pra ter certeza do que me fez assim, de alguém pequeno e fraco para um personagem forte de si prórpio para alguém quebrado e meio manco. Meio manco.
Sinto que foi a falta de ser completo, sincero e verdadeiro.

Sinceridade é uma palavra que tenho usado muito ultimamente e que deveria ter usado desde sempre, oras. Não vou esvaziar o sentido dela, já que toda vez que a uso, penso na mesma coisa, com a mesma força e intensidade e o mesmo desejo.

Não vejo loucura em querer dar mais vida ainda a um personagem de si mesmo. As coisas estão tão bagunçadas e caóticas, cheias de puras verdades e organização maquiadora, que o personagem poderia ocupar um lugar de meu melhor amigo. Sim, aquele que não encontro em lugar algum, seja por distância, seja por ideologia. Não há loucura em querer ser algo de verdade.

Tempo, chuva e sono

Algumas coisas guardamos em caixas, outras dentro de sacolas.
Mesmo que queiramos desembrulhar e colocar no sol pra tirar a poeira, tomaram nosso tempo livre.
Duas semanas, socos e vácuos no estômago, idas e vindas e uma chuva cinematográfica ao final, e só tive tempo de perceber um arrependimento - mais uma vez, sinceridade, sinceridade, seja minha companheira! - e não tive tempo de falar de percepções.

Sim, carregar os pesos sozinho me fez forte, ocultar certas verdades garantiu meu sossego, meus jogos, minha cerveja.
Fazer-me presente é uma satisfação, ser querido é uma necessidade.

sábado, 25 de setembro de 2010

Onde foi parar?

Outro dia me perguntaram do Mura.
Respondi que estava bem, no lugar em que o havia criado, da forma como eu queria que fosse.
A conversa tomou outro rumo: não entendem múltiplos ideais.

Velhos posts não publicados - I

Vejo-me com a liberdade de quem esta enclausurado em uma quarto de vidro, cinco andares acima do chão. Do meu pequeno umbigo consigo entender o mundo todo que observo não importando para onde eu olhe.
O grande mandamento só pode ser este: completa visibilidade.
Tenho ao meu lado esquerdo um jornal, ao lado direito um diploma, atrás de mim tenho uma garrafa de cerveja azeda, a minha frente um computador conectado com todos os computadores do universo. Abaixo de mim vejo mais quatro andares e, acima, outros inúmeros andares.
Conheço tudo aquilo que vejo, já sei suas reações e sei ate quando estão invisíveis. Conheço detalhadamente as moléculas que compõe tudo, e do que são compostas as moléculas.

Minha juventude eterna será o grande fardo que todos vocês irão carregar, pois, não existe mais nada a ser reconhecido, tudo já foi devidamente arquivado para consulta.
Minha juventude eterna confirma que as suas vidas não passam de acaso e repetição.


Brutus

Como numa guerra de trincheiras, estamos apenas esperando pelo próximo ataque. Todos os lados se levantam e dizem: "Por favor esperem, vamos contar nossos mortos".

Logo mais voltarão para seus buracos sujos e lamacentos, com seus feridos morinbundos, e vão fazer o que têm feito há meses, esperando o inimigo se levantar para o ataque.
Ninguém vai se levantar, as imagens são muito fortes e prendem as pessoas ao chão como raízes. Nenhum dos lados vai atacar, com medo de não conseguir chegar ao inimigo. Na bagunça dos ataques, corre-se o risco de bombardear um aliado, ou mesmo bombardear a vanguarda.

Numa guerra de trincheiras ninguém se arrisca, e todo mundo perde.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Mais sonhos

Já me aconteceu de, estando triste, chorar no snho e acordar com lágrimas nos olhos.

Há duas noites passadas me ocorreram umas coisas que eu nunca tinha passado antes.
Na primeira, em um dado momento do sonho, coloquei um fone de ouvido e começou a tocar uma música dos Beatles linda, mas que não existe. De tão linda, chorei no sonho.
Na segunda, em um dado momento do sonho, fui tentar me enturmar com uns novos amigos que fiz. Eles brincavam com um grande avião de papel. Uma garota jogou o avião e ele foi direto para o chão, deixando ela frustrada. Então pedi "posso tentar?". Ela fez uma cara de desafio me oferecendo o avião, que estava todo rasgado e com a ponta muito torta.
Nenhum avião de papel consegue voar nessas condições.
Então quando joguei o avião e ele rumou direto para o chão mas, de repente, subiu de volta no ar e planou por muito tempo, subindo e descendo graças a um vento qualquer que passava por alí. Fiquei tão admirado e orgulhoso do que tinha feito que comecei a rir sem parar, de pura satisfação. Todos também riram muito pois aqui foi inusitado. Pois bem, a risada veio tão de dentro de mim, no sonho, que acordei completamente sem ar, e com vontade de continuar rindo.

Não sabia que era possível rir de verdade em sonhos.

sábado, 18 de setembro de 2010

Chega!

A gente também cansa de se desgastar por dúvidas e fantasmas.
Se me cansei foi porque tive como sonho a beleza e a sinceridade, como base de qualquer coisa que for fazer na vida.
Chega. Cansei de querer amor e não ir buscá-lo - eu acredito mesmo que ele está mais perto do que possa parecer, só não está completamente pronto ou nascido. Vou cuidar como uma planta, que a princípio precisa de poda e escoras, mas logo cresce forte sombreando os viajantes.

"Perdoar?" - respondo que sim. Só os fortes perdoam. Eles também sabem quanto tempo levam as coisas.

Não vou negar o que é tão claro
Vou me entregar em tudo que eu faço, em tudo que eu falo
Não vou negar o que é tão claro
Porque a verdade explode mesmo quando me calo

Entendimento

Não sou nenhum santo tampouco busco o diabo.

Uma coisa que me tiraram foi a paciência. Tive que aprender a mantê-la forte e, aos poucos foi-se ruindo, bem devagar como aqueles portões de ferro em casa de praia. Mas ultimamente o mar tem batido direto nesse maldito portão, e a minha verdadeira paciência está quase inexistente.
Tentei fazer com que a vida valesse um pouco a pena, e senti que a sinceridade seria a melhor escolha. Bom, realmente foi a melhor escolha. Mas a dúvida não está só em mim e terei que aprender a conviver com as dúvidas dos outros. "Sempre os outros", pensa o Mura.
O problema com a paciência é saber que estou sendo comparado o tempo todo. Ou sou mais que X, ou menos que X, ou X faz melhor, ou X nunca fez isso, X não tem um coração tão bom, X jamais seria tão cruel, e assim vai. Sempre X, ou Y ou Z ou alfa.
Não é bom ser comparado o tempo todo e também não é saudável se comparar. Algumas pessoas só conseguem viver com espelhos pela frente, eu prefiro que meus espelhos sejam as ações dos outros. Pelo menos assim, além de não ficar só em palavras e pensamentos abstratos, ainda recebo realmente aquilo que mereço.

Ser comparado não apenas me faz inibir como permite que eu me molde sem perceber em uma idéia que não é a minha. Há pouco me peguei com minhocas na cabeça por perceber que me apertei para entrar nesses moldes, nesses potes de azeitonas. Se sou melhor, algo estranho me diz que tenho que me forçar a continuar melhor, se sou pior algo estranho me diz que nunca conseguirei alcançar - mas por que, e isso é bizarro, eu deveria alcançar alguma coisa?
Se sou melhor, aproveite, é porque cheguei aqui pelo esforço de seguir o que acredito. Ser melhor por pressão, por molde, não se sustenta sozinho. Se sou pior é porque ainda não chegou a hora, ou mesmo porque essa hora não é mesmo para chegar. Comparações não são conselhos.

A comparação sempre virá seguida de um "mas", porque é algo apenas útil para a vida ordinária. Não importa se digo ou não digo o "mas", ele estará na comparação justamente por esta ser incompleta. "Sou mais bonito que X" é uma inconstância por presumir o eterno, o imutável e o global. "Sou bonito" é agora, como a natureza e a vida.

Chega de comparações. Palavras são muito bonitas para nos acalmar o coração, mas as ações serão sempre mais fortes. Há milhões de maneiras de se fazer entender "você é bonito", "você tem um bom coração" sem utilizar uma só palavra.
Comparações não podem ser feitas sem o código da palavra, é impossível!

Minha paciência e crença no mundo - sim, acredito em felicidade, em bondade e sabedoria - estão indo para o ralo a cada comparação que me fazem e que me obrigam a fazer. Não sou espelho, duro e frio, e não quero espelhos ao meu redor.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tentando ser bonzinho e gentil, levou anos tentando construir um alicerce forte.
Não querendo nada com nada roubou tudo o que outros tinham em poucos meses.

Os bonzinhos não se fodem, mas os mais ou menos fodem mais.

Mas, afinal, existe alguém bonzinho por aí? Não acho que é por aí que vamos entender alguma coisa.

"Walk on, walk on
With hope in your heart
And you'll never walk alone
You'll never walk alone"

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Uma última esperança

Jogada fora, amassada e pisada com toda a força, para que não volte mais a incomodar.
"Até tu, Brutus?"

Foi assim que morreu esfaqueado. Dizem que foi pelas costas.

Mura

O Mura sempre será um bom garoto.
Faz parte dele querer companhia e atenção. Faz parte dele o carisma e avontade de ajudar. Equilíbrio, sorriso e muito companheirismo.
O Mura sempre será um bom garoto.
Quero explodir meu peito de puro ódio, como um gozo há muito segurado.
Vou querer matar um, e logo mato dois. Sim, nem que seja eu mesmo, tentando.
Há muito mais ódio em ficar parado do que tomar uma ação!
Vingança não é o nome daquilo que tenho para repartir, vingança não serve de nada pra quem quer viver mais um pouco.
Quero mesmo é finalmente gozar daquilo que acredito. Gozar naquilo que não acredito.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Eu vou lá, todo vestidinho daquilo que eu gostaria de ser, todo com o cabelinho e a tatuagem de pênis ereto ou de alguma outra coisa "estranha", faço careta pra foto, faço pose pra foto, seguro minha cerveja na foto, ponho a língua de fora, encosto em alguém, tento mostrar o quanto sou liberto do mundo, das regras, do sexo.
Volto pra casa e sou só a foto. Fora a foto, vivo escondido em coisas novas e descoladas.
Volto pra casa e não sou nada, não fiz nada por completo, não lambi nada nem ninguém - fizemos sexo com o mundo com as mãos fechadas e sem nem olhar nos olhos.
Apesar de ódio, não sou só isso.

Someone i want now, somewhere i want to go, and i told you,
Never gonna let you down,
Never gonna let you down,
But i will always let you down.

Olhos

Não chegue perto de mim e diga

- Bom dia

Olhando para a porra do chão. Por que há tanto desconforto em dividir o elevador comigo por míseros DOIS andares? TRES andares? QUATRO andares? CINCO andares? SEIS andares?
Você quer que eu faça uma gracinha? Quer que eu pergunte da porcaria do teu cachorro triste que vive tão preso quanto nós dois?
Andando na rua todos se escondem por detrás daqueles óculos idiotas, parados, com os óculos cobrindo todo o rosto. Tudo escuro, sem vida, um corpo que se mexe! Uh, viva, temos um corpo sem graça mexendo, com pressa, com compromisso, com compromisso pra ser feliz, com hora marcada na Yoga.
Morra!
E nasce outra vez, pelamordedeus. Nasce outra vez pra eu poder olhar e dizer:
- Bom dia. Olha, tenho a sensação de que está tudo errado. Sou louco ou sou normal?

Tudo isso te falo com o olho.

- Bom dia - e então se acua no canto do elevador, ou olha pro teto. Olhos de Medusa, que petrificam o ser humano.

Ódio. Fui proibido de odiar. Me disseram que vou sofrer se odiar. Mas já sofro, e também sofro pra não odiar. Ora, que raio de recompensa é essa que ficam me prometendo?
Aliás, ninguém me prometeu nada! Me disseram que era pra eu mesmo me prometer as coisas.
Me disseram o nome das coisas e ainda me deram um dicionário e um enciclopédia. "Não vai mais errar o nome de nada, não vai"- isso sou eu mesmo dizendo de dentro pra fora. Mas também é você, e é a pessoa do elevador que olha para o chão

- Bom dia.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mais uma chícara, xícara, shicara?

Vou fazer o que não fiz desde sempre.
Vou me retirar para um lugar em que ninguém me conhece, onde serei um estranho.
Vou aproveitar e me tornar mais estranho ainda, cheio de verdades.
Verdades, verdades, verdades, que põe medo em todo mundo que é como eu sou agora:
Fracote.

- Oi, bom dia.
- Bom dia.
- Como vai?
- Como vai?

Morto, morto, morto. Como eu, que olho uma fotografia duma paisagem linda e penso: "um dia irei lá". Um dia serei ainda mais magro de tanto nervosismo, isso sim.

Ainda menos coisas me confortam: nem jogo, nem imginário, nem filmes, muito menos minhas próprias promessas. Tudo é tão igual e repetitivo quando uma punheta!

- Oi, bom dia.
- Bom dia.
- Como vai?
- Como vai?
Nem um puto dum sorriso, tão com medo de me olhar nos olhos e perceber que estou mesmo desejando um bom dia? Tão com medo de ouvir que estou com saudades, mesmo sem nunca ter lhes conhecido? Tão com medo dum magrelo? Medo de quê?!!!

Vou escrever tanto, que meu texto se tornará um círculo sem a mínima graça. Um gira-gira repetitivo e didático.


The end of our elaborate plans

Mamãe pediu que eu tomasse um café,
- Father?
- Yes, son?
- I want to kill you.

Hoje nada faz sentido. Nunca fez.
Eu que disse que tem que ter sentido, eu que inventei isso tudo.

Amanhã vou fazer o que sobrou pra fazer, o que me fará viver mais uns cem anos tranquilo:
Casa, salário, família, filhos, amigos aos finais de semana.
(Coloquei o salário na frente da família, não foi proposital, foi assim que saiu)

Ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha
Sou um imbecil, fraco, meus dedos circundam os pulsos, alto, desajeitado, sem graça, sem ter o que dizer na hora exata. Sem ter a coragem pra colocar tudo no seu devido lugar - tenho sede de sangue. Mas não tenho coragem mesmo.
Ao invés de ficar forte continuo aqui sentado, escrevendo pra ninguém!
Ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha

Travis, você não é nem ao menos louco.
Não te invejo porque não quero ser você, mas queria ter essa vontade que você teve de, pelo menos, puxar o gatilho pra ver no que dava. E depois, ainda, voltar pra onde veio.
Eu sou o fraco, querendo ser forte, achando que força vem do nada, achando que se fica mais forte ficando parado, achando que vivo num mundo que faz sentido cartesiano.

Ufa, mamãe, não vou querer tomar o café. Vou querer menos dessa coisa estranha que tem nisso que tô tomando todas as manhãs.

Rios pontes e overdrives - impressionantes esculturas de lama.

Tô cansado. De fadiga. Planos incompletos, colando adendos com durex.

Mulambo eu, mulambo tu, mulambo eu, mulambo tu.


Ha ha ha ha ha ha ha ha ha
Percebi
Que só sendo muito desocupado e sem ter o que fazer
Pra ficar escrevendo aqui.
Ha ha ha ha ha ha ha ha ha

domingo, 12 de setembro de 2010

Hoje acordei com a maior preguiça de viver.
Mas, deitado na cama e de barriga pra cima pensei
Que eu não sou sozinho no mundo:
Tem gente ligada em mim e eu ligada nelas!
Preguiça de viver também é não honrar esses laços.

Pulei da cama.

O silêncio é a palavra final.
Tudo vai mudar
OU
Nada vai mudar

sábado, 11 de setembro de 2010

Hoje sonhei que estava num lugar tão lindo que chorei.
Era uma praia em que não se tinha mais nada além da praia.
Fiquei amocionado ao perceber que é possível viver tranquilamente ali.
Não tenho mais medo de te perder.
Já perdi uma vez e isso é o suficiente pra não se ter mais medo de perder.
Somos gente, portanto não fomos fabricados prontos e imutáveis.
Vou aproveitar como gente e fazer valer como vida.

Ação

"Não dá mais..."

Foi tão pouco, mas carregado de tanta sinceridade, que realmente não deu mais e caiu.
Mas não fosse a sinceridade, ainda estaríamos escorando com estacas finas e desajeitadas.
Nunca se é tarde demais para aprender algo.
Sou fechado e preconceituoso quando a certos ensinamentos,
Mas jamais serei da mesma forma com os ensinadores.
Qualquer um que, sinceramente, dedique seu tempo para ensinar aquilo que lhe é verdade,
Vai receber meus olhos, ouvidos e a gratidão do eu aluno.
Poucas coisas são tão preciosas quanto a experiência, no sentido que o Walter Benjamin dá pra essa palavra.
Serei sempre grato pelo mínimo esforço empregado em me fazer mais inteligente e preparado.

Obrigado, Lala-chan, pela sofrida aula de português! Digo sofrida porque tanto eu sofri com meu preconceito quanto você sofreu pra me ensinar.
Obrigado, Lala-chan!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Conheci alguém que queria tudo.
Acho que queria tudo, porque na verdade não sei bem o que queria.
Na verdade, percebi que não queria nada
Mas pegava o que lhe aparecia pela frente como alguém que faz um test drive sem a intenção de comprar.
Sei que era tão infeliz com as coisas que fantasiava pra si mesmo que preferia abandonar tudo a tentar se consertar. Mesmo percebendo que abandonar tudo não era uma saída inteligente, fantasiava sobre a fantasia para, então, poder continuar vivendo.
Conheci e achei muito estranho saber que não ouvia ninguém, ou, se ouvia, fingia não ouvir. Ou mesmo se esforçava para não ouvir.
Muita gente tentou entender e ajudar, mas não importa o quanto de pessoas queiram ajudar pois a soma delas será sempre 50%.
Me disse com muita certeza:
- Uma coisa que descobri é que relacionamentos sempre acabam na pior hora.


É verdade.
Eu sei que velhos amores não se apagam tão facilmente
- certos ou errados, eles não se apagam -
Se a nossa vida são as escolhas que fazemos,
E mesmo que queiramos não mais errar
Sempre vai haver um momento de hesitação:
"quero de volta, seja real ou fantasia".

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Se estamos caindo não me segure pelas pontas dos dedos
Me agarre sem medo: sou fraco mas planto meus pés como uma árvore de mil anos.
Aprendo com a História e, se cometo o mesmo erro duas vezes me deixe, que sou eu quem estará caindo.
"Dormiu alí, mas não era você" - o vácuo do estômago.
Então porque eu não estava em algum outro lugar? - o soco na parede.
Então porque não me materializei alí, onde DEVERIA estar? - a unha na alma.
Meu passado não foi um filme triste, foi realidade. - o sangue na parede.
Certa vez te encontrei triste, remoendo algum passado.
Então fiquei com medo de não poder fazer nada e me tornar um passado triste remoído.
Você me disse "eu estou aqui" e eu disse "também estou aqui", mas de tanta pressa pela felicidade plena, tanta pressa por uma limpeza espetacular, ficou apenas o eco "aqui... aqui... i...".
Quando você me disse que não sabia para onde ir eu respondi como se eu soubesse.
Nunca soube exatamente para onde ir. Mas nunca quis que você ficasse na escuridão.
Quando me disser que não sabe para onde ir eu vou responder que devemos nos reunir e tentar encontrar algum rumo para alguma coisa boa.
Porque eu também não sei para onde ir.
Se eu digo "Não tenho medo" é porque não quero te-lo.
Mas tenho e sei que ele vai me fazer pensar duas vezes. Três vezes. Quatro vezes.
Quando alguém que confio me diz "é por aqui", e eu vejo em seus olhos e vejo seu coração que esse alguém também não quer mais ter medo, então é por aqui que sigo.
Junto.

Sofre menos o imbecil por não perceber que está sofrendo

Vou sempre sentir um vácuo na boca do estômago quando souber de algo que não fui.
Principalmente quando a minha vontade é de ter sido.
Uma incerteza, ao invés de ser esclarecida foi trancada num calabouço para ser esquecida e não me arranhar mais por dentro. Porém as unhas crescem mesmo depois de morto, e as marcas deixadas pela violência agora formam cicatrizes como as de Dorian Gray.
Quando eu não fui, o vácuo volta para a boca do estômago.
Se tudo o que mais desejei foi amor, não é certo ter medo de não receber amor. Por certo tempo não o recebi e por isso quis guardar pra mim o que eu tinha para dar. Mas amor também apodrece quando guardado num fundo de baú.
Por saber que poderia ter sido e não foi, meu vácuo me acordará de madrugada. Não devo entender isso como uma maldade ou assombração, mas como um aviso do que não devo fazer. Aquele amor que guardei apodeceu e está preto como uma fruta velha. Mas vai ser com os restos dele que vou adubar os que me surgirem daqui em diante.
Se não tive força ou coragem é porque estive sozinho. Em companhia não se sofre, se consolam.
Ofereço minha companhia para quem merecer: somente quem já sofreu pode entender minha companhia, somente quem conhece a tristeza como uma velha sombra pode entender minha companhia. Alguém que já apanhou uma vez levanta os braços e esconde o rosto para as pauladas seguintes. A dor sempre será dor.
Não é fácil ser imbecil, e ter que sentir a boca do estômago sendo sugada pelo vácuo toda vez que penso no que não fui.
As coisas mudam com ações. Os pensamentos organizam as futuras ações.
Para cada vez que eu não fui, um soco na parede. Espero que, quando vir meu próprio sangue eu possa ver nele a força pra me destruir e construir de novo.

Não quero mais ser imbecil e perder aquilo que já estava nas minhas mãos.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Morto?

Acordei hoje.
Acho que é hoje.
Na verdade não tenho certeza se é mesmo hoje.
Não faço idéia alguma de que não é qualquer outro dia.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

FIM

Chega de TENTAR sobreviver.

Do que não sei. Pode ser e pode não ser.

Se tudo é caos, então quero ser caos também.
Mas já sou caos e me espremo em um pote de azeitonas.
Não sou azeitona e não sou pedra - também não sou eu mesmo.
O pote de azeitonas me conforta e me mata.

Do que será

Lembro do que foi.
Vejo o que é.
Penso no que será:
Se os dados derem o mesmo número suas vezes, então agarre a recompensa - mas eles ainda estão nas minhas mãos.

Do que não será

Eu fico me perguntando, me perguntando, me perguntando:
Será? Mesmo? Posso?
Ninguém quer me ouvir pois estão ocupados tentando se ouvir.
Aquela história das portas abertas e das portas fechadas me parece tão mais real quanto mais penso nelas.
Liberdade é uma coisa que se perde.

Do que já foi

Não consigo, não consigo, não consigo:
As imagens falam mais alto:
Cada detalhe é um soco:
E minhas mãos não aguentam mais:
Nem sangrando.
Me perguntou:
- E o que você quer da vida?
- Sossego.
- Descanso é só na morte.
Se 5 anos é tempo suficiente para esquecer
Uns segundos são necessários para se lembrar.
Não sou mais uma criança e por isso perdi o controle sobre as coisas.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Meus sonhos foram urbanizados

Tenho esquecido o que me faz ferver o sangue e querer mais e mais da vida, sem cobrá-la.
Aquelas noites - e dias, longos e deliciosos dias - bêbado de alegria, pulsando vontade
Foram escurecidos pelo medo bobo e pela cobrança do que não existe.

- Conheço um poema lindo e penso nele agora, depois de perceber tudo o que já estava claro à minha frente. Se eu explodí-lo aqui, meu amigo poeta, seria uma violação desnecessária do seu próprio conteúdo já violado.
Um rio que corre em círculos.
E no momento em que ponho o pé na água
Sei onde o rio começa e onde acaba.

sábado, 28 de agosto de 2010

Não sei o que fazer, Não sei o que fazer.
Eu fico por aqui,
Por não saber pra onde ir.

E antes que eu confunda todo mundo
Eu quero ver o dia passar.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mesmo sem saber o que fazer
Faço algo a respeito.
Sou mais humano do que sou pedra.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Pausa no blog por um momento:
Hora de me dedicar à moça das flores.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Maomé não move as montanhas que não foram feitas para se mover,
Pois é a montanha que deve se mover, não Maomé.
Lutei no time dos derrotados.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

It was the only card in the deck that I had left to play

I need a brand new friend who:
Doesn't bother me
Doesn't trouble me
Doesn't need me

domingo, 15 de agosto de 2010

Falavam de silêncio
Falavam de solidão
Nem perceberam que eu estava lá, escutando.

Tão bela quanto uma música mais linda que nunca começa.
A única perfeição
Não encontraremos em vida.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Born to be Uáidi II

Porque se chamava homem
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem

Born to be Uáidi I

Me lembro que era preciso apenas um violão.
Mas se não fossemos todos um processo do tempo,
Como iríamos alcançar nossos sonhos?

Cresci com a doutrina católica,
Nasci com os pecados do meu passado e a salvação está no futuro.
Mesmo não seguindo nenhuma religião, aprendi com os erros e acertos daquilo que foi.
Yin e Yang
O claro e o escuro
A certeza e o futuro
Não me sinto completamente sozinho.
Tenho eu mesmo pra trocar umas idéias.
É impossível ter dúvidas quanto a si mesmo:
Mesmo se camuflando em sentimentos sei exatamente o que preciso fazer.
Às vezes sinto meus esforços tão vazios.
O que estou querendo provar?
Me omito e perco, me esforço e perco.
Queria não precisar saber tanto.
Puxando por um delicado fio todo o peso do passado
Não percebo que aquilo que é arrastado pelo chão
já foi, e não muda.
Ouço, ao longe, uma melodia antiga.
As cordas estão velhas e a voz é rouca, mas sei que é a mesma melodia.
Contudo, mesmo sendo a querida melodia antiga,
Há muito pó sobre as palavras, que o tempo resignificou.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Quanto mais me fixo, mais me decepciono.
Não se pode querer mudar o curso de um rio em apenas uma vida,
Não procuro apenas futilidades ou faíscas de prazer.

- Preciso de um olho-rei para saber onde estou pisando.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Tempo

Me lembro de quando eu tinha 19 anos.
Hoje tenho 23.
Se o tempo parasse, eu não teria pensado nisso.

domingo, 8 de agosto de 2010

Não me sinto completamente sozinho.
Tenho eu mesmo pra trocar umas idéias.
Cada vez que faço ou penso algo de bom pra mim, sem querer deixo de ficar sozinho.
E é tudo tão natural.

Sonhos são poesia

Esta noite sonhei que havia terminado o meu contrário.
- Ele foi construído para me matar -
Ele abriu os olhos e num meio sorriso disse:
"Besta, se te mato também morro. Agora terá que cuidar de mim pois não tenho para onde ir".

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dia de folga = Dia de limpeza

Do computador limpei uns 10Gb
De casa limpei sacos e sacos de lixo
Da alma umas 10 toneladas.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Então Deus bateu em minha porta e disse: "Aqui estou!"
Mas não havia nada do lado de fora da casa,
Apenas flores, árvores, montes e sol e o luar.

- Em pouco tempo esqueci.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Esperar
Mais uma vez
Até a morte

Libertango

Triste e lindo,
Como alguém que abre o peito e vai de encontro ao mundo.

Sabendo que vai perder no final.
Tenho pesadelos quando durmo.
Há uma semana que não tento dormir,
O pesadelo real já não me amedronta.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Outra vez bêbado.
Um dia morro, alguém chora, me esquece,
Ou morre também.
Um, dois, três, quatro, cinco seis sete oito, nove e dez.

Olhou infeliz para o chão quando percebeu que o moço da sua frente não estava carregando mais do que dez volumes na fila do caixa.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ainda sinto seu cheiro.
Ele não está nas minhas roupas,
Mas na minha cabeça.
Andando pela rua o mundo é infinito,
Volto para casa, vazia.
Não se perde o que não se tem.

As ondas do mar são passageiras e incompletas

Tão lindas quanto uma vida.

"And farewell to the girl with the sun in her eyes"

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Espaço livre em disco: 385Mb.
Mesmo que eu tivesse todos os HDs do mundo,
Livre só teria 385Mb.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Hoje andei quilometros a pé debaixo do guarda-chuva.
Se a vida pudesse ser um filme
Eu escolheria "Totoro".

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"The last time he came he was too early,
This time he's too late".
Uma vida toda.
Por acaso,
sem explicação,
Acabou por aqui.

Respirando fundo

É duro ter que viver à distância das coisas que gostamos, principalmente quando a distância deixa de ser física e também se torna metafísica.
Vivemos de sonhos e, botar o pé no chão pra andar pela realidade e as suas verdades das coisas nos parece um trabalho árduo e penoso. Assistindo a uma aula de canto a professora mostrou como trocamos a nossa respiração diafragmal pela respiração com os ombros. A primeira é o natural, já nascemos respirando assim, a segunda a gente aquire com a nossa vida cheia de porcarias pré fabricadas e que engolimos sem nem perceber. Acho que nossa vida de sonhos é como a respiração com os ombros.
A falta de uma vida mais verdadeira e natural nos impele a contemplar os sonhos como salvação para nossas vidas cheias das porcarias já engolidas. Mas não é assim que vamos nos desintoxicar.
É percebendo que o mundo não foi feito para nós e que a nossa vida é tão simples quanto a estrutura de uma ameba que vamos notar o quanto temos perseguido sonhos que tornam ainda mais penosa essa existência.
Quando vejo que inclusive a distância metafísica se acentua, percebo, com muito pesar, que deve estar na hora de voltar para mim mesmo e me perguntar "quem é você?".

domingo, 11 de julho de 2010

Fim da Solidão

Um gato, vivendo em um apartamento, desce à rua.
Um apartamento vazio, luzes apagadas, a televisão desligada.
É de amor que se vive.

domingo, 4 de julho de 2010

Me afastei tanto
Que fizeram no meu lugar o que eu queria ter feito.
Vontade é violência
Hey, garoto. A vida vai além daquilo que está na tua cabeça.
Na verdade você não sabe de nada.
Ficar alimentando ilusões, criando verdades além daquilo que já é, vão destruir teus olhos sem que você perceba, garoto.
A força está na vida, e a vida é violência.
Por telefone fiquei sabendo das novidades,
Por MSN recebi as notícias.
"...não dá pra viver só de amor..."

Solidão IV

Um gato, vivendo em um apartamento, observa a rua.
Um homem, vivendo em um apartamento, observa a TV.
A chuva que bate no vidro da janela não molha meu rosto.

- Na sua vida, não passei de um músico.
- Foram as músicas mais lindas que já ouvi.
Voltou a se sentar ao piano e passaram a noite toda.
- A vida sem amor é como masturbação sozinho.
- Masturbação acompanhado também não passa de masturbação!
- Não, se aí tivermos uma intenção. Existe amor também em uma masturbação.
Fui ao cinema com quem faz cinema.
Logo no nome da produtora do filme ouço:
- Belo movimento de câmera.
Agora eu vejo a diferença entre "mundos".
Quando era jovem, de onde vim, as músicas atuais eram em português. E ruins.
Hoje, todos conhecem as músicas atuais, que são em inglês. E ruins.

sábado, 3 de julho de 2010

Vivemos muito ocupados achando que a nossa vida é mesmo nossa.
Eu tento segurar as rédeas,
Mas é o cavalo que me leva.
Nunca quis brinco ou tatuagem, e meu cabelo não serve para deixar comprido.
Acho que todos esses símbolos têm que possuir um signifiado verdadeiro, você é mais que esses símbolos, naturalmente mais.
Porém, hoje percebo que, talvez precise dessas coisas. Achei que eu por mim mesmo seria o suficiente - engano besta.
O silêncio revela a medida dos sentimentos.
No silêncio, sinto prazer.
No silêncio, me angustio.
Não preciso tentar me inserir num mundo que não é o meu
Não existe fora de mim o mundo que é o meu.
Não posso ficar triste ao saber que só existe UM de cada coisa.

Solidão III

Um gato, vivendo em um apartamento, observa a rua.
Um homem, vivendo em um apartamento, observa a TV.
Com alguns poucos amigos à minha frente rio e converso a noite toda.

O melhor filme é aquele em que não acontece nada
Nossa vida oculta o nada dela mesma.
A única razão por se viver é o acaso de estarmos vivos.
Como no cinema, ações dizem muito mais que palavras.
A palavra pode ser oculta, incompreensível, cultural.
As ações são definidoras, mesmo que por um momento.
Platão e Aristóteles criavam imagens, mas as imagens não eram deles, eram de quem ouvia
Jesus Cristo e Maomé criavam imagens, mas as imagens não eram deles, eram de quem ouvia
Hoje, não consigo imaginar além das imagens que me dão
Me vejo todo no espelho
Releio tudo o que escrevi.
A gente é o que a gente pensa que é.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

As palavras têm vários significados em si mesmas.
Tento decifrar o que escreve por meio de abstrações.
Só que mensagem não está nas palavras principais, ela se esgueia pela conversa como um todo.
- Há sete anos eu venho aqui. Todo dia, você sabe, a gente vem aqui comer. E tá tudo igual.
Hoje seu prato não passou de R$6,00.

Solidão II

Um gato, vivendo em um apartamento, observa a rua.
Um homem, vivendo em um apartamento, observa a TV.
Espero mensagens pelo MSN.

Solidão I

Um gato, vivendo em um apartamento, observa a rua.
Um homem, vivendo em um apartamento, observa a TV.
Por telefone, fiquei sabendo das novidades.

Picou banana, maçã, mamão.
Aproveitou o barulho do liquidificador para chorar sem vergonha.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

- Divirtam-se todos!
E pensaram que ele iria providenciar tudo o que precisassem.
Morreram sem esforço algum e caíram no esquecimento.

sábado, 26 de junho de 2010

Em casa, espero todos se conectarem.
Finalmente um mundo que é realmente meu.
Conversamos a noite toda e decidimos que nada será feito.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Um homem sentado, copo na mão, luzes refletidas por toda a parte.
Duas mulheres dançavam no palco improvisado.
Luzes e música alta aujudavam a se desligar do mundo por um breve momento.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Vivi como uma bela música que nunca começa.
Era uma sala tão grande que não consegui ver as paredes nem o teto.
No entanto, tudo ecoava.
Estava sozinho e assombrado pelos meus reflexos.
Enquanto dançava
A música era como um sopro.
O ar frio me dizia "só conheces o teu passado".

terça-feira, 22 de junho de 2010

- Isso aí queima.
- Queima? E você já colocou a mão pra saber quanto que queima?
- Não.
Colocou a mão e saiu triunfante por confirmar com suas próprias mãos que, de fato, queima.
- Gostou da sua lasanha?
- A parte que estava quente ficou ótima.
Lasanha de microondas.
I could go and speak something really small and stupid in english.
Everything goes smart, funny and even clever in this lenguage.
But, as far as i know, some really good stuf works for any way of conversation.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ao longe, um sino.
Ele anuncia algo, mas não sei o que é.
Mas o meu sino, que bate ao longe, é muito mais do que simples metal.
Uma música entrava pelos ouvidos.
Mas não era a música aquilo que ele ouvia.
Ouvia ele mesmo, de dentro para fora.

Andava há trinta anos pelo mesmo nevoeiro.
Porém não estava perdido:
Não se procura por nada em um nevoeiro.
- O que esteve fazendo esse tempo todo?
- Estive construindo meu contrário. Assim que estiver pronto, virá para me matar.

Um gato, vivendo em um apartamento, observa a rua.
Um homem, vivendo em um apartamento, observa a TV.
Por telefone, fiquei sabendo das novidades.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Tantufas

- Você é de Ibitinga, a "terra dos bordados".
- Sim.
Um instante de silêncio.
- É, esse é mesmo o maior desconto que eu posso te dar.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Ninguém quer ficar sozinho

"Cara, não vai embora já; não tem ninguém aqui que eu conheço"
Ficou e riram a noite toda das tosqueiras que lembravam.

domingo, 30 de maio de 2010

Falas

Não queria incomodar e por isso falou com cuidado.
Incomodado, saiu da sala sem dar satisfações.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Favor

- A que horas você sai?
- Uma da tarde.
- Mas já são quase três!
- Por isso que lhe disse que seria um favor.

sábado, 8 de maio de 2010

Música

Música ao violão, minha voz não alcança e desafina.
Passo a tocar um tom abaixo.

sábado, 1 de maio de 2010

Refeição pra dois

Hoje tive R$ 10,45 de fome.
Guardei metade para a janta.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Teste seu humor

Cheguei e foram logo me perguntando:

- Bebe alguma coisa?
- Sim, pra esquecer.

Do óbvio

Um dia desses perguntei:

- Mãe, do que eu sou feito?
- De sonhos.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Três cuzinhos estavam andando na rua.
O primeiro disse "Pum!", o segundo disse "Puuuuuum!!" e o terceiro ficou calado, com vergonha do que as outras pessoas iriam pensar dele.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Aquilo que já é

Ponha um fone de ouvido na cabeça e uma boa música pra tocar.
Faça com que saia som apenas do lado direito e ouça a música. Depois coloque tudo para o lado esquerdo e ouça.
Você descobre duas novas músicas, depois volta para o normal e descobre mais uma.




PS: Este post foi inspirado em minhas viagens (viajens?) aleatórias por blogs. Segue o link e o agradecimento: