quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Música para além do som

Sobre um post recém escrito:

Se eu tivesse conhecido Pink Floyd num momento ruim da minha vida, com certeza estaria até hoje sem conseguir ouvir Dark Side of the Moon para além do Breath, ou no máximo On the Run.
Quando ouço as músicas do Morphine, apesar de me identificar com o som e achar o máximo aquele sax, começo a me lembrar do momento em que conheci a banda, de tudo o que eu estava passando, do MSN, blogs alheios... "All wrong", "I'm Free now", pulo as músicas pra, quem sabe, voltar mais tarde e conseguir ouvi-las.
Por outro lado, tem o Tom Waits. Esse eu descobri sozinho em sua áurea época do Rain Dogs, Mule Variations, álbuns mais conhecidos e até premiados. Só não conhecia mesmo seus primeiros momentos, aqueles do Closing Time e assim por diante. "Had me a girl" foi o ponto de partida para a redescoberta - my doctor says I'll be alright but i'm fellin' blue.
Acho que é pela simplicidade das letras e das melodias que consigui encaixar esse Waits mais antigo nos momentos que passei, justamente esses mesmos momentos que me afastam do Morphine. Veja só: a já citada Ol'55, com seu "just wishing I'd stayed a little longer" traduziu meus pensamentos de primeira; Old Shoes me confortava trocando minhas mágoas por um certo carinho ao perceber "that we'd lost the magic we had at the start" mas ainda sim havia a despedida à garota "with the sun in her eyes"; Grapefriut Moon com "every time I hear the melody, something breaks inside" não há 'melody' alguma, mas também coube como uma luva;
"And I hope that I don't fall in love with you 'cause falling in love just makes me blue", "I'm glad that you're gone, got the feeling so strong, but I wish to the Lord that you come home", "house where nobody lives"... tudo simples e sem frescura.
Tom Waits me deu força pra continuar, pra me lembrar que a vida não é quase nada de especial e que ela acontece e pronto, que a gente fica triste mesmo quando as coisas dão muito errado - coisa que o Mura sempre soube! Morphine só me traz recordações ruins apesar de seu som fu-di-do.


PS I: sempre pulei a "Martha" do Waits. A princípio por achar muito triste que isso fosse acontecer comigo, de num futuro qualquer eu estar num telefone tentando falar com alguém pra poder dizer coisas que não havia dito no momento que deveria ter dito "it's been so many years", mas depois foi por pensar que a melancolia de "those were days of roses..." poderia não ser pra mim, mas pra outra pessoa.
PS II: devo dizer que imediatamente antes de começar a ouvir Morphine e Tom Waits eu passava as tardes com o The Wall martelando minha cabeça.

1 comentários:

Laís disse...

Tom Waits é foda mesmo. É assim mesmo: sem frescura e consciente de que grandes amores vêm e vão (sem clichês, por favor!).

E o Morphine abriu uma porta gigante na minha percepção musical. Sem ele, eu não teria nem chegado perto do Waits. Fico feliz por isso, agora eu PRECISO ouvir mais músicas com sax! (Lounge Lizards é FODÃO)

É, eu também passo mal com a Martha...