quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pincel

Peço desculpas por as vezes não entender o mundo ao meu redor, por ser impaciente e bruto.
As coisas estão começando a ficar difíceis de novo, e isso me faz com que quaisquer estímulos negativos sejam amplificados em escala logarítmica. Já aprendi que fico nervoso além do necessário nesses momentos mas com certeza, mesmo que ainda fique nervoso, já consigo raciocinar em alguns porquês, o que me ajuda a fazer e pensar em menos merda.
Bom, me lembro de estar triste assim meses atrás, inconformado com a instabilidade da minha vida profissional e pessoal, o mundo parecia algo no qual eu não vivera todos os 23 anos de idade, parecia alguma coisa que nunca esteve alí e, de repente, se levantou e começou a crescer da forma que quisesse.
Nessa ocasião, da sensação de casas na areia, recebi um pedido: que conseguisse um item importante e o levasse até a pessoa que precisava. Pois então arranjei o item, mas algo saiu errado, a viagem marcada a tanto tempo teria que ser adiada, logo eu não poderia entregar o item no tempo que parecia ser decisivo. Resolvi, então, avisar a pessoa dessa repentina mudança de planos, para que ela também ficasse mais preparada para a possível falta que aquilo iria fazer. Também não foi fácil para mim saber que a pessoa que deveria receber a encomenda também me faria muita falta, devido ao atraso.
Foi naquele momento, falando ao telefone, que tomei minha decisão, e a partir de então comecei a arrancar rebocos de parede soltos: ouvi a indignação e a bronca de que o item faria muita falta, e que tudo iria dar errado por conta disso, porém sem nem ao menos ser mencionada a falta que eu faria alí. Já imaginava que eu mesmo não fazia mais tanta falta assim, e aquilo me deixava impaciente e rancoroso, e foi com aquele telefonema que senti tudo isso.
Me importo muito com o que faço e coloco um pouco de mim e das minhas energias nas coisas. Aquele item, imaginava eu, deveria carregar não apenas sua função de uso, mas também um pouco de mim. Se ele não fosse entregue, um pouco de mim também não iria servir para nada. Mas ao saber que aquele objeto valia mais do que uma saudade, soube que meu caminho já deveria ter mudado.

1 comentários:

Laís disse...

Perdão. Sem aquele pincel, não conseguiria entregar meu último desenho da matéria. E estava desesperada e infeliz demais para ter respeitado o seu ritmo e o amor imbuído nesse pequeno instrumento de desenho.