domingo, 15 de março de 2009

"Nem vá dormir como pedra e se esquecer o que foi feito de nós."

Enclausurado, comia biscoitos. Não porque aquilo era bom ou agradável mas era tudo o que tinha para fazer. Sentia cada parte do biscoito a cada mastigação: sal, açúcar, chocolate, farinha. Tudo bem industrial, assim como o resto de sua vida.

Uma vez que sua mente estava altamente ocupada por milhares de imagens que iam e vinham sem o seu controle, sequer sem que ele quisesse ou ainda se mexesse para tal, não havia nada que seu grande corpo imóvel pudesse fazer, a não ser os biscoitos.

As imagens eram impossíveis de mastigar, vinham como pedras frenéticas que ainda que se deixassem pegar não seria possível sequer roe-la. E também não havia nada mais que não fossem ele, as imagens e o biscoito. Ele era o centro de tudo aquilo ao seu redor, círculos dentro de círculos em um raio infinito com ele bem no meio.

Aliás, foi quando ele se deu conta disso que ele sossegou, "eu sou o umbigo do mundo", riu vitorioso e se sentou alí mesmo.

Esta lá até hoje, comendo os biscoitos.

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