segunda-feira, 16 de março de 2009

Pink e o pecado

São Tomás de Aquino definiu muito bem o que seria um dos pecados capitais, a preguiça. Para ele a preguiça não é a falta de vontade de fazer as coisas, mas algo muito mais interessante. Preguiça é deixar de lado as obrigações. Ele não está falando de um mundo do trabalho moderno, modernindade já sedimentada, ele está falando das obrigações enquanto virtudes, responsabilidades; estas, caminho para a ascenção do homem.

Pois bem, a preguiça, portanto, é o grande mal das pessoas ao meu redor, das que ouço falar e de mim mesmo. Todos não querem cumprir com as suas responsabilidades pois mais ou menos nem sabemos mais quais são. E este é um ponto angustiantemente interessante.

A moral, o certo e o errado, já morreu há muito tempo, de forma que o que impera é quase uma luta pela sobrevivência muito próxima das lutas pré-históricas. Nota-se um esvaziamento de sentido em tudo, nos levando a acreditar que a saída para o mundo é justamente se atirar de cabeça nele e fazer parte dessa grande massa de luzes e falsas felicidades. É quase como as músicas "In the Flesh" do álbum do Pink Floyd "The Wall" contam: "Luzes! Efeitos Sonoros! Ação!", vamos fazer parte do show, brilhante e colorido, onde todos estão felizes e cantantes, porém, sem você perceber, tudo isso é uma grande montagem para que você fique admirado com o show todo e não perceba que por trás de tudo, a estrela do show, Pink, está no hotel, drogado e completamente desanimado, no sentido de "anima" = vida. A grande sacada do "The Wall" são os efeitos inseridos além das música. "Luzes! Efeitos! Ação!!!".

Mais que "obrigação", a palavra "responsabilidade" é a melhor para ilustrar o significado de "preguiça". Mas existe ainda uma saída para quem ler isso e, por acaso, se sentir culpado: somente é pecado quando a pessoa sabe que aquilo que ela está fazendo é um pecado.

Tarde demais, agora já sabemos. "Run Like Hell", já que falamos em "The Wall".

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