quarta-feira, 14 de março de 2007

Nomes

Ao pensar no post anterior, comecei a perceber várias coisas que já sabia, mas que nunca as havia formalizado. É a respeito dos nomes.
Os nomes são uma forma de dominação. Claro! inventamos nomes para as coisas para que elas pareçam menos amedrontadoras e/ou para fazer com que elas nos pertençam. "Minha flor", por exemplo, "mamãezinha", "rex", "Rafa", "Bia". São todos nomes que damos para aproximar aquilo de nós, num movimento único de vinda do objeto, nós ficamos extaticos. Um exemplo filmico disso é a sequencia de "A Viagem de Chihiro" em que a bruxa toma em suas mãos o nome da Chihiro denominando-a Sen, sua nova "escrava".
Mas os nomes também servem para nos transformarmos em outra pessoa, durante alguma solidão ou problema sério, ou ainda em meio a uam situação inesperada. Criamos personagens ligados ao EU central que comanda todos os outros, muitas vezes sem se dar conta disso. Fernando Pessoa é um exemplo incrivel disso. Sabe-se que ele criava conscientemente seus "personagens" escritores, e o fazia por algum motivo muito especial para não expor o Pessoa (em pessoa) ao mundo dos livros. Nós também fazemos isso quando nos damos apelidos e os passamos para os outros, de forma que passamos a nos chamar novas coisas e, com isso, SOMOS outras pessoas, exatamente como nos conceitos das mascaras sociais como "mascara de filho", "mascara de aluno", entre outros.
Nome é algo incrível, tao importante na afirmação do individuo que, desde a Biblia catolica, em que está escrito que Deus possui o nome de todos em suas mãos (imagem complicada essa, acabei de pensar na Yubaba da "Viagem de Chihiro"), até na comunidade indigena em que só existe de fato a criança que recebeu um nome, sua importancia é vital.
Afirmação do individuo.... acabei de me lembrar uma brincadeira que um amigo fez comigo certa vez: tente, apenas TENTE, passar o dia sem dizer a palavra EU. Tenta.

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